JESUS, EU CONFIO EN VÓS

Somo Servos da Misericórdia Divina.

O que é extraordinário, nos textos e mensagens entre Jesus e a Irmã Faustina, é que em qualquer dos textos citados podemos identificar-nos com a Irmã Faustina, como se estas mensagens estejam diretamente dirigidas a cada um de nós. A alma que tem sede de Deus, e por ter procurado uma intimidade com Ele, mas sem saber como a alcançar, está agora em plena consciência, enquanto anteriormente não distinguia claramente a Sua voz, nem compreendia a Sua mensagem, a partir da leitura das declarações de Jesus e suas interpretações da Irmã Faustina, o véu abriu-se e agora tudo ficou transparente e nítido.

Estas mensagens, que nos foram dirigidas, ao longo de toda a nossa vida, ganharam sentido, ultrapassando a barreira do tempo e agora disponíveis e compreensíveis para todos aqueles que o desejam, em comunhão com os Santos e a Santa Igreja, pela graça da Misericórdia Divina.


Diariamente, colocaremos citações da obra de Santa Faustina, ou de outros autores que também receberam graças muito especiais, que o ajudará, com certeza, na sua meditação diária.

domingo, 22 de março de 2015

COMO O DESPREZO DOS CONSELHOS EVANGÉLICOS É UM GRANDE PECADO

   
 "As palavras com que o Nosso Senhor nos exorta a seguir e prosseguir na perfeição são tão eloquentes e persuasivas que não é fácil dissimular a obrigação que temos de nos esforçar nesse intento: Sede santos, disse ele, porque eu sou santo. O que for santo, procure santificar-se mais; e o que for justo, seja ainda mais justificado(1). Sede perfeitos como meu Pai celeste é perfeito (2).
     Por isso o grande S. Bernardo, escrevendo ao glorioso S. Guarim, abade d'Aux, cuja vida e milagres tanto se divulgaram na sua diocese, disse: "O homem (3) nunca se dá por satisfeito, tem sempre fome e sede de justiça" (4).
     Tratando dos bens temporais, Teotimo, nada satisfaz aquele a quem o suficiente não chega: que é que pode satisfazer ao homem que se não contenta com a própria abundância? Enquanto aos bens temporais, também ninguém alcança o que deseja; nada nos satisfaz, porque a própria abundância, em assuntos divinos, consiste no desejo de mais.
    Deus, no princípio do mundo, disse à terra que germinasse a relva verdejante e lhe desse semente, e que cada árvore frutífera, ao desabotoar em frutos, cada uma segundo a sua espécie, tivesse em si novas sementes, para, por sua vez, produzirem novos frutos (5).
    E verificamos pela experiência de todos os dias que as plantas e os frutos, só quando estão maduros e atingem o seu perfeito desenvolvimento, ostentam as sementes e pevides que lhes servem de gérmen para a produção de plantas e árvores de igual natureza. Também as virtudes não chegam à devida altura e perfeição senão quando produzem em nós desejos de progredir, que, quais sementes espirituais, servem á  produção de novos graus e virtudes.
    E quer-me parecer que o terreno do nosso coração tem ordem de germinar as plantas das virtudes que produzem os frutos das obras santas, cada uma no seu género, e que encerram as sementes dos desejos e intenções de multiplicar e crescer em perfeição. A virtude que não tiver a semente ou o pevide de novos desejos, essa não chegou ao estado de suficiente maturação.
    "Pois quê! - dizia S. Bernardo ao ocioso (6): tu não queres adiantar-te na perfeição? - Não. - Nem, queres também reinar? - Decerto que não. -Então não queres ser  pior nem melhor? Ah! desgraçado, pretendes o impossível. Não há nada no mundo que seja permanente (7). E então do homem mais especialmente (8) se diz que nunca se detém no mesmo estado: ou bem caminha, ou bem volta para trás.
    Ora eu não afirmo, Teotimo, nem também S. Bernardo, que seja pecado o não seguir  os conselhos. Não, com certeza: e até a diferença que vai do mandamento ao conselho é que o mandamento impõe-nos a obediência, sob a pena de pecado, e o conselho apenas nos convida, sem corrermos este risco.
    No entanto, eu concluo que é um grande pecado desprezar o caminha da perfeição cristã e mais ainda as solicitações com que Jesus nos chama. É uma impiedade imperdoável desdenhar dos conselhos e vias que Nosso Senhor nos aponta para lá chegarmos. É uma heresia dizer que Nosso Senhor não nos aconselha bem , é uma blasfémia dizer a Deus: Retira-te de mim, eu não quero a ciência dos teus caminhos (9).
    Ah! que horrível irreverência contra Aquele, que com tanto amor e suavidade nos convida à perfeição, não é dizer-lhe: Não quero ser santo, nem perfeito; não quero partilhar da vossa bem-aventurança, nem seguir os caminhos que me dais para a alcançar!
   Pode muito bem não se pecar, deixando de seguir os conselhos, por afecto que provenha doutra causa. Por exemplo, podemos deixar de vender tudo o que temos para dar aos pobres, se essa renúncia for superior as nossas forças. Também podemos casar, se amamos uma mulher e não tivermos na nossa alma  coragem para fazer guerra a carne.
   Porem, deliberarmos não seguir nenhum dos conselhos, nem um sequer, isso não pode fazer-se sem menosprezo d' Aquele que os dá. Não seguir o conselho da virgindade e casar-se, não repugna ; mas casar-se só para preferir o casamento à castidade, como fazem os hereges, é um grande desprezo pelo  Conselheiro ou pelo conselho. Beber vinho contra a prescrição do médico, quando se está devorado pela sede ou pela lembrança ou apetite de o beber, não é precisamente desprezar o  médico ou o seu conselho. Pode dizer: não quero submeter-me às ordens do médico - isso só pode admitir-se como proveniente de pouca estima por ele.
   Ora, às vezes desprezam-se os conselhos dos homens e não se lhes quer mal, por supormos erro em suas ordens. Mas com Deus, o rejeitar-lhe os conselhos e desprezá-los, não se pode atribuir a pouca confiança que tenhamos no bem aconselhado. Seria uma blasfémia desconfiar que Deus não fosse suficientemente sábio e pudesse errar, ou não fosse suficientemente bom, para nos aconselhar mal.
   E dá-se o mesmo com os conselhos da Igreja, que em virtude da contínua assistência do Espírito Santo, que a ensina e encaminha pela senda da verdade, não pode por isso dar maus conselhos."

(1) Apoc., XXII, II. -  (2) Mat., V, 48. - (3) Ubi supra, L.III, Cap. I. - (4) Mat., v, 6. - (5) Gen., I,II. - (6) Epsit. Ubi supra.
(7) Ecles., II,II; III, I. - (8) Job  XIV, 2. - (9) Ibid., , 14.

Sao Francisco de Sales - Tratado do Amor de Deus
Traduçao da Ediçao Critica publicada pelas Religiosas da Visitaçao d'Annecy . França
Livraria Apostolado da Imprensa - Rua da Boavista, 591- Porto - Portugal

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