JESUS, EU CONFIO EN VÓS

Somo Servos da Misericórdia Divina.

O que é extraordinário, nos textos e mensagens entre Jesus e a Irmã Faustina, é que em qualquer dos textos citados podemos identificar-nos com a Irmã Faustina, como se estas mensagens estejam diretamente dirigidas a cada um de nós. A alma que tem sede de Deus, e por ter procurado uma intimidade com Ele, mas sem saber como a alcançar, está agora em plena consciência, enquanto anteriormente não distinguia claramente a Sua voz, nem compreendia a Sua mensagem, a partir da leitura das declarações de Jesus e suas interpretações da Irmã Faustina, o véu abriu-se e agora tudo ficou transparente e nítido.

Estas mensagens, que nos foram dirigidas, ao longo de toda a nossa vida, ganharam sentido, ultrapassando a barreira do tempo e agora disponíveis e compreensíveis para todos aqueles que o desejam, em comunhão com os Santos e a Santa Igreja, pela graça da Misericórdia Divina.


Diariamente, colocaremos citações da obra de Santa Faustina, ou de outros autores que também receberam graças muito especiais, que o ajudará, com certeza, na sua meditação diária.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

USEMOS AS COISAS TEMPORAIS, MAS DESEJEMOS AS ETERNAS

No mundo, mas não do mundo
 
Desejaria exortar-vos a deixar tudo, mas não me atrevo. Se não podeis deixar as coisas do mundo, fazei uso delas de tal modo que não vos prendam a ele, possuindo os bens terrenos sem deixar que vos possuam. Tudo o que possuís esteja sob o domínio do vosso espírito, para que não fiqueis presos pelo amor das coisas terenas, sendo por elas dominados.
Usemos as coisas temporais, mas desejemos as eternas. As coisas temporais sejam simples ajuda para a caminhada, mas as eternas, o termo do vosso peregrinar. Tudo o que se passa neste mundo seja considerado como acessório. Que o olhar do nosso espírito se volte para frente, fixando-nos firmemente nos bens futuros que esperamos alcançar.
Extirpemos radicalmente os vícios, não só das nossas ações mas também dos pensamentos. Que o prazer da carne, o ardor da cobiça e o fogo da ambição não nos afastem da Ceia do Senhor!
Até as coisas boas que realizamos no mundo, não nos apeguemos a elas, de modo que as coisas agradáveis sirvam ao nosso corpo sem prejudicar o nosso coração.
Por isso, irmãos, não ousamos dizer-vos que deixeis tudo. Entretanto, se o quiserdes, mesmo possuindo-as, deixareis todas as coisas se tiverdes o coração voltado para o alto. Pois quem põe a serviço da vida todas as coisas necessárias, sem ser por elas dominado, usa do mundo como se dele não usasse. Tais coisas estão ao seu serviço, mas sem perturbar o propósito de quem aspira às do alto.
Os que assim procedem têm à sua disposição tudo o que é terreno, não como objeto de sua ambição, mas de sua utilidade. Por conseguinte, nada detenha o desejo do vosso espírito, nenhuma afeição vos prenda a este mundo.
Se amarmos o que é bom, deleite-se o nosso espírito com bens ainda melhores, isto é, os bens celestes. Se tememos o mal, ponhamos diante dos olhos os males eternos. Desse modo, contemplando na eternidade o que mais devemos amar e o que mais devemos temer, não nos deixaremos prender ao que existe na terra.
Para assim procedermos, contamos com o auxílio do Mediador entre Deus e os homens. Por meio dele logo obteremos tudo, se amarmos realmente aquele que, sendo Deus, vive e reina com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.

 Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa (século V)
fonte: TESOUROS DA IGREJA

QUEM ME LIBERTARÁ DESTE CORPO DE MORTE?

Pois eu tenho capacidade de querer o bem, mas não de realizá-lo


Irmãos: 18Estou ciente que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois eu tenho capacidade de querer o bem, mas não de realizá-lo. 19Com efeito, não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero. 20Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que estou agindo, mas o pecado que habita em mim. 21Portanto, descubro em mim esta lei: Quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. 22Como homem interior ponho toda a minha satisfação na lei de Deus; 23mas sinto em meus membros outra lei, que luta contra a lei da minha razão e me aprisiona na lei do pecado, essa lei que está em meus membros. 24Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte? 25aGraças sejam dadas a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor.

Leitura da carta de São Paulo aos Romanos 7, 18-25

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

NOSSA SENHORA DA EUROPA

Tu sabes, melhor do que nós, o que precisamos pedir ao Pai
 
Debruçado sobre a rocha de Gibraltar, diante do mar, um pequeno santuário foi dedicado a Nossa Senhora da Europa desde a expulsão dos mouros, em 1309. Em 2002, o Papa João Paulo II coroou a estátua em Roma, na  Praça de São Pedro .

Por que não invocar Nossa Senhora da Europa, com esta bela oração a Nossa Senhora de toda a Europa, proposta pelo Instituto do Cristo Rei?

Ave, Virgem Maria, Nossa Senhora. Nós te suplicamos que rezes, especialmente, pelo nosso continente. Nós te rogamos, Mãe Santíssima, unidos aos fieis de todos os santuários da Europa, que manifestam o poder da tua intercessão. Nós te pedimos, unidos àqueles dos quais  apresentaste a Deus a oração de século em século (...).

Tu olhas para teus filhos da Europa, seus esforços e esperanças, suas alegrias e aflições. Tu estás vendo teus filhos ainda divididos, teus filhos seduzidos pelas mentiras do mundo, e tentados a construir uma Europa sem Deus. Tu vês teus filhos feridos pelo pecado. Mãe de Deus e nossa Mãe, tu não conseguirias abandonar esses seus filhos. Virgem Maria, tu sabes, melhor do que nós, o que precisamos pedir ao Pai. Guia a nossa oração, reza connosco.
 
http://collegiale-saint-andre-grenoble.fr 
 
Fonte: UM MINUTO COM MARIA

RAINHA DE PORTUGAL

Maria porta a coroa real de Portugal há mais de três séculos

   20 de outubro − Portugal. Consagração de Portugal a Nossa Senhora da Imaculada Conceição ( 1646 )
 
 
Portugal está sob o patrocínio da Virgem Maria desde a Idade Média. Em primeiro de dezembro de 1640, após 60 anos de união com a Espanha, os portugueses reconquistam a sua independência.

Seis anos mais tarde, o novo rei D. João IV (João IV de Portugal) coloca o país sob a proteção da Imaculada Conceição. Na igreja de Vila Viçosa, onde se encontra o palácio da família real, o rei laureia Nossa Senhora da Conceição, cingindo-lhe a testa com a coroa real, proclamando-a Rainha e Padroeira de Portugal.

Daí em diante, os reis de Portugal nunca mais portarão a coroa sobre suas cabeças. Ainda hoje, o dia 8 de dezembro, em Portugal, é feriado e os católicos portugueses celebram Aquela que é rainha, patrona e protetora de seu país.

"A Deus Todo-poderoso confio a sociedade portuguesa inteira, sobre todos invocando a abundância dos favores celestes por intercessão de Nossa Senhora da Conceição, que Portugal, há 350 anos, no Santuário de Vila Viçosa e pela voz da sua máxima Autoridade civil, com explícita adesão dos Representantes da Nação, escolheu servir e honrar como Padroeira e Rainha. Deus abençoe e proteja Portugal!"

Beato João Paulo II
(Discurso de saudação ao novo embaixador de Portugal junto à Santa Sé, "L'Osservatore Romano", nº8, 24/2/1996)
 

sábado, 19 de outubro de 2013

AS TRÊS AVE-MARIAS

As três Ave-Marias de Santa Matilde...

Como Santa Matilde suplicasse à Santíssima Virgem que a assistisse na hora da morte, ouviu a resposta da Mãe Santíssima:
"Sim, eu o farei; mas quero que, por tua parte, me rezes diariamente três Ave-Marias.

“primeira Ave-Maria deve ser dedicada a Deus Pai (...), pedindo-Lhe que eu esteja presente na hora da tua morte, para te reconfortar, para te fortificar e afastar de ti toda potestade inimiga.

“segunda Ave-Maria, deves dirigir-te ao Filho de Deus, pedindo-Lhe (...) que eu te assista na passagem da morte para encher tua alma das luzes da fé e da verdadeira sabedoria, para que não a obscureçam as trevas do erro e da ignorância.

“Na terceira Ave-Maria, recorrerás ao Espírito Santo (...) e pedir-Lhe-ás que eu te assista na hora da morte, para inundar a tua alma com a suavidade do divino amor.

“Assim, poderás triunfar sobre as dores e a amargura da morte, ao ponto de vê-las transformarem-se em delicias e alegrias."
 
Santa Matilde (Mechtild de Hackeborn) (1241-1248)
O Livro da Graça Especial, parte 1, cap. XLVII, Tours, Mame, 1921
 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O Senhor acompanha seus pregadores
 
* leitura indicada para a Festa de São Lucas, celebrada em 18 de Outubro

São Lucas Apóstolo
Nosso Senhor e Salvador, caríssimos irmãos, ora por palavras, ora por fatos nos adverte. Com efeito, até mesmo suas ações são preceitos, porque, ao fazer alguma coisa em silêncio, dá-nos a conhecer aquilo que devemos realizar. Eis que envia dois a dois seus discípulos a pregar, já que são dois os preceitos da caridade, o amor de Deus e do próximo.

O Senhor envia a pregar os discípulos dois a dois, indicando-nos com isso, sem palavras, que quem não tem caridade para como próximo de modo algum deverá receber o ofício da pregação.

Muito bem se diz que os enviou diante de sua face a toda cidade e local aonde ele iria (Lc 10,1). O Senhor vai atrás de seus pregadores, porque a pregação vai à frente e depois chega o Senhor à morada de nosso espírito, quando as palavras de exortação o precedem e, por elas, o espírito acolhe a verdade. Por este motivo Isaías fala a esses pregadores: Preparai o caminho do Senhor, aplanai as veredas de nosso Deus (Is 40,3). E o Salmista: Abri caminho para aquele que sobe do ocaso (Sl 67,5 Vulg.). Sobe do ocaso o Senhor porque onde morreu na paixão, ali mesmo, ao ressurgir, manifestou sua maior glória. Sobe do ocaso, porque a morte que aceitou, resurgindo, calcou-a aos pés. Portanto abrimos caminho ao que sobe do ocaso, quando nós vos pregamos sua glória para que, vindo ele próprio depois, vos ilumine com a presença de seu amor.

Ouçamos o que ele diz quando envia pregadores: A messe é grande, são poucos os operários. Rogai, pois, ao Senhor da messe que envie operários a seu campo (Mt 9,37-38). Para grande messe, poucos operários, coisa que não sem imensa tristeza podemos repetir; pois embora haja quem escute as palavras boas, falta quem as diga. Eis que o mundo está cheio de sacerdotes, todavia, raramente se vê um operário na messe de Deus; porque aceitamos, sim, o ofício sacerdotal, mas não cumprimos o dever do ofício.

Mas pensai, irmãos caríssimos, pensai no que foi dito: Rogai ao Senhor da messe que envie operários a seu campo. Pedi vós por nós, para que possamos fazer coisas dignas de vós; que a língua não se entorpeça por não querer exortar; tendo recebido o encargo de pregar, não vá nosso silêncio condenar-nos diante do justo Juiz.
-- Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa (século VI)
Fonte: TESOUROS DA IGREJA CATÓLICA

MAGNÍFICO MOLDE DE DEUS

Maria, o maravilhoso molde de Deus para a nossa alma
 
 
É Maria o maravilhoso molde de Deus, criado pelo Espírito Santo, para formar em perfeição um Homem-Deus, através da união hipostática (união das duas naturezas), e para tornar o homem participante da natureza divina, mediante a graça. (...)

Oh! Alma querida, quão grande é a diferença entre uma alma formada em Jesus Cristo, pelos meios ordinários, como os escultores – que confiam apenas, no seu engenho, no seu talento −, e a outra em que se está diante de uma alma maleável, desapegada, bem fundida e que, recusando fiar-se em si-mesma, deixa-se plasmar apenas pelo Espírito Santo!
 
Quantas manchas, quantos defeitos, quantas sombras, quantas ilusões, quanto de natural e humano existem no primeiro método!... E quão puro, quão divino e quão semelhante a Jesus Cristo é o segundo!
 
São Luís Maria Grignion de Montfort
O Segredo de Maria, 1ª parte, § 17
 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

VENCEDORES POR MEIO DE MARIA

Temos a certeza de que somos vencedores, e somos vencedores por meio de Maria





Há uma intensa guerra espiritual. Eu acho que alguns podem não ter entendido totalmente a intensidade desta batalha. Esta batalha é uma batalha de amor. (...)

Esquecemo-nos de que o diabo existe. Deus tomou a mais humilde das criaturas, e a mais magnífica, por sua humildade, para ser a rainha do céu e da terra e para que domine esta criatura, a besta imunda, que é o demônio.

Então, se nós nos apoiarmos em Maria, não teremos nada a temer. Porque, além disso, ele cuidará de nós com delicadeza e com seu terno coração de mãe. Sabemos que temos o Senhor conosco, e que Maria está ao seu lado, para nos proteger. Temos a certeza de que somos vencedores, e somos vencedores, por meio de Maria. (...) Ela é o nosso manto protetor; com ela estamos protegidos.
 
Pierre Goursat (1914-1991),
fundador da Comunidade Emanuel (França, 1972).
Extraído de suas meditações para a Jornada inter-assemblées,
em 13 de março de 1976

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A tradição e a vontade de Deus

Pouco importa como aprendemos a conhecer a vontade de Deus – seja através da Escritura, seja através da tradição apostólica, ou daquilo a que São Paulo chama a «natureza» (cf Rom 1,20) –, desde que estejamos certos de que essa é mesmo a sua vontade. Na realidade, Deus revela-nos o conteúdo da fé por inspiração, porque a fé é de ordem sobrenatural; mas revela-nos as questões práticas do dever moral pela nossa própria consciência e pela razão divinamente guiada.

As questões puramente formais, revela-no-las através da tradição da Igreja, pelo costume que nos leva a pô-las em prática, embora o costume não venha na Escritura; isto para responder à questão que podemos colocar a nós próprios: «Para que havemos de observar ritos e formas que a Escritura não prescreve?» A Escritura transmite-nos aquilo em que é necessário acreditar, aquilo para que devemos tender, o que devemos manter. Mas não estabelece a forma concreta de o fazer. Uma vez que não podemos praticar isso senão desta ou daquela forma precisa, somos forçados a acrescentar alguma coisa àquilo que nos diz a Escritura. Por exemplo, ela recomenda-nos que nos reunamos para a oração e associa a sua eficácia […] à união dos corações. Mas, como não indica nem o momento nem o local da oração, a Igreja tem que completar o que a Escritura se contentou em prescrever de forma genérica. […]

Podemos dizer que a Bíblia nos dá o espírito da nossa religião, e que a Igreja tem de organizar o corpo em que o espírito incarna. […] A religião não existe de forma abstracta. […] As pessoas que tentam adorar a Deus duma forma (dizem elas) «puramente espiritual» acabam por, de facto, não O adorar de todo. […] Portanto, a Escritura dá-nos o espírito e a Igreja o corpo da nossa devoção. E, assim como não podemos ver o espírito dum homem sem ser por intermédio do seu corpo, assim também não podemos compreender o objeto da nossa fé sem a sua forma exterior.

Beato John Henry Newman (1801-1890)
Presbítero, Fundador do Oratório em Inglaterra 
Sermão «Ceremonies of the Church»

CARTA DA IRMÃ LUCIA A UM SACERDOTE

                 O Terço, nossa arma mariana contra a  

                        "desorientação" do mundo

Movimento da Mensagem de Fátima
 
 
         A decadência que existe no mundo é, sem dúvida alguma, o resultado da falta de oração. Prevendo esta desorientação, a Virgem recomendou com tanta insistência a reza do Terço.

         E como o rosário é, após a santa liturgia eucarística, a oração mais apropriada para conservar a fé nas almas, o demônio desencadeou sua luta contra ele. Infelizmente, vemos os desastres que ele causou. (...)

        Não podemos e não devemos parar nem deixar, como diz Nosso Senhor, os filhos das trevas serem mais sensatos, mais espertos do que os filhos da Luz. O rosário é a arma mais poderosa para defender-nos no campo de batalha.

Carta da Irmã Lúcia de Fátima a um padre,
em 26 de novembro de 1970
 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

AS GRAÇAS DO SANTO ROSÁRIO

Enquanto o Rosário for recitado, Deus não poderá abandonar o mundo


     Através do Rosário, podemos tudo obter. De acordo com uma graciosa comparação, esta é uma longa corrente que liga o céu à terra: uma das extremidades está em nossas mãos e a outra nas mãos da Virgem Santíssima.

Enquanto o Rosário for rezado, Deus não poderá abandonar o mundo, pois essa oração é poderosa em seu coração, sendo semelhante ao fermento que pode regenerar a terra. A doce rainha do Céu não pode esquecer seus filhos, que cantam seus louvores sem cessar.

      Não há oração mais agradável a Deus do que o Rosário. Assim, a Igreja nos convida a rezá-lo, todas as noites, neste mês de outubro, diante de Jesus, realmente presente e exposto no altar.


Santa Teresinha do Menino Jesus www.spiritualite-chretienne.com/marie/Marie-b.html 
(As mais belas páginas sobre Maria)

terça-feira, 8 de outubro de 2013




A Nossa Senhora de Czestochowa é a mais venerada relíquia na Polônia, sendo um dos símbolos nacionais. Trata-se na verdade de um ícone de Nossa Senhora, pintado em data incerta e seriamente danificado por uma invasores hussitas em 1430. Pior ainda, no trbalho de restauração, a imagem foi ainda mais afetada, não restando outra solução a não ser apagá-la totalmente e repintá-la, aproveitando a base, que segundo a tradição, fora trabalhada por São José ou o próprio Cristo quando ainda trabalhava com seu pai. 

A imagem é um tradicional ícone da Igreja Oriental, com Nossa Senhora carregando o Menino Jesus. Diferencia-se por Maria ter duas cicatrizes no lado direito do rosto. Segundo a lenda, infiéis teriam tentando rasgar a imagem, apunhalando duas vezes, quando viram que o corte sangrava. Assustados, deixaram a imagem no Monastério.

É certo que um incêndio escureceu os pigmentos da imagem, tornando-a Nossa Senhora Negra de Czestochowa. 

A imagem é creditada pela miraculosa salvação do Monastério de Jasna Gora (Montes Claros) durante a invasão sueca em 1655. O exército sueco avançou até o Monastério, onde monges e voluntários alternavam orações e batalha, sustentando o cerco por um mês e alterando o curso da guerra. 

Atualmente o Monastério é o centro de peregrinações mais importante do país, sendo uma tradição no país visitá-la uma vez ao ano.

Fonte: Tesouros da Igreja Católica

domingo, 6 de outubro de 2013

A GRAÇA É UMA PARTICIPAÇÃO DA NATUREZA DIVINA INCRIADA

       

(continuação de trechos do livro de  Matthias Joseph Scheeben :retiradas  do seu magnífico livro intitulado                                                          "As Maravilhas da Graça Divina")


         O homem é, pela graça, elevado acima da natureza criada. Ainda mais, torna-se participante da natureza incriada de Deus . Ou melhor, ergue-se a tanto pelo influxo desta união tão intima e desta participação dos privilégios divinos. Quanto mais se aproxima do fogo um corpo, tanto mais luz e calor receberá ele. 
          Escreve S. Pedro: as promessas, grandes e preciosas, que Deus nos fizera em Jesus Cristo, devem tornar-nos participantes da natureza divina (2 Ped 1. 4); isto é, os privilégios divinos vêm na medida do possível a ser participados por nossa natureza. Fundados no mencionado texto, ensinam-nos unanimemente os Padres esta união com Deus.
         Sentiam-se os Santos incapazes de expressar, como quereriam, a excelsitude deste dom. S. Dionísio escreve: " A santidade ou a graça santificante é um bem divino, uma inefável imitação da divindade e da bondade (Dionísio Areopagita. Epist. 2 ad. Caiam), em razão da qual, por um sobre-humano nascimento, ocupamos uma ordem divina (Id, Eccles. hier., c.2). Diz S. Máximo Mártir: "Dá-se-nos a divindade quando penetra a graça á nossa natureza com a sua luz celestial, e quando, pela glória, esta mesma graça nos eleva acima de si própria (Div. capita ad theol. spect., 1,76). Ensinam-nos estes teólogos e a maioria dos outros Padres, com S. Tomás (S. Th. I-II. q.110.a 3,4; q.114.a.3; III, q.3,a 4 ad 3), que a graça, por assim dizer, nos diviniza. Tal o sentido que atribuem a estas palavras do Salvador: Disse: sois deuses e filhos do Altíssimo (Jo 10, 34 - Sl 81,6). Em uma palavra, transporta-nos a graça até ao trono que somente Deus ocupa por sua natureza.
         Quanto nos detemos por entre a variedade das criaturas, vemos diferenciar-se cada qual por sua natureza: mais perfeitas umas que as outras, formam todas em conjunto uma escala harmonicamente graduada, em cujo termo, somente Deus ocupa um lugar transcendente. Há corpos que existem, mas que não possuam vida: são as pedras e os metais; outros há que têm certa vida: são as plantas, desenvolvendo-se por si mesmas graças a suas raízes, e produzindo flores e frutos; os animais gozam, além disto, de sensibilidade e movimento; e finalmente o homem, dotado de razão; mediante ela, pode ele conhecer e  amar seres destituídos de corpo. Acima do homem encontra-se a série incontável dos puros espíritos, invisíveis ao nosso olhar, possuindo cada um deles sua própria perfeição. Em um ponto infinitamente mais elevado, coloca-se a natureza divina; criatura alguma se lhe assemelha em espiritualidade; nenhuma delas dispõe, em si, de capacidade para contemplar a Deus tal qual é, nem de nele submergir-se pelo amor. Comparadas com o sol divino não passam de trevas as outras naturezas, incapazes mesmo de refletir naturalmente a perfeição divina. Esta natureza divina, pelo infinito poder de sua caridade, atrai a nossa, adota-a em seu seio, pela graça, submergindo-a em si, como no forno se submerge o ferro. Pertencermos, então, à raça, de Deus, como a palmeira ao reino vegetal e o leão ao animal.

(continua...)
          

O encontro de São Pio V 

No mês de Outubro de 1513, um ancião e um jovem, ambos frades dominicanos, ao viajarem pela alta Itália, encontraram um pastorinho de dez anos, brigando com uma cabra mal comportada. Tendo visto os dois religiosos, deixou tudo e correu até eles para segurar-lhes as mãos.
– Como te chamas? – Pergunta o padre prior.
– Miguel.
– Tens um grande padroeiro, meu
filho! Sabes quem é ele? Será, por acaso, um ilustre Bispo?
– Oh! Não, Padre, meu padroeiro, São Miguel, é um Arcanjo, o chefe dos Anjos! Quando Lúcifer, o primeiro dos espíritos celestes, se revoltou, arrastando consigo muitos dos anjos, São Miguel exclamou: “Quem como Deus?” E comandando os anjos bons, ele expulsou os maus do paraíso, precipitando-os no inferno.
– Foi o pároco quem te ensinou tudo isso?
– Não… Infelizmente, ele é muito doente e já nem pode mais pregar.
– Onde, e n t ã o , aprendeste essas coisas? Pois ainda não deves saber ler.
– Sim, Padre, eu sei! Minha mãe me faz ler todas as tardes, depois de recolher as ovelhas e as cabras no estábulo. Ela também me conta histórias. Ela mesma me ensinou esta, de São Miguel. Eu sei até escrever!
– Tua mãe é muito sábia! Como se chama ela?
– Assim como vosso santo fundador, ela chama-se Domenica.
– Ah! Tu conheces São Domingos e seus religiosos?
– Um padre que pregou em nossa igreja me deu este terço e ensinou-me a rezá-lo.
– E tu o recitas todos os dias?
– Sim, eu rezo meditando os Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos. E esse padre ainda prometeu que se eu perseverasse e conseguisse aprender latim, eu me tornaria um padre pregador como ele.
– Então vais aprender latim?
– Oh Não! Nossa senhora não o quer, pois meu pai é pobre e eu devo ajudá-lo. Adeus, Padre! Eu preciso ir, pois meu rebanho se aproveita da minha ausência…
Esse encontro deu aos dois religiosos a idéia de estabelecer, próximo de seu mosteiro de Voghera, o que hoje chamamos Escola Apostólica: Um asilo para os meninos pobres, cuja inteligência e piedade podiam trazer-lhe a esperança de um futuro melhor.
Na primavera seguinte, essa escola foi fundada. O mais novo dos dois religiosos foi ter com o adoentado pároco local.
– Conheceis – perguntou ele – um jovem pastor de vossa paróquia, chamado Miguel?
– Ele é minha criança mais querida
– respondeu o ancião – e sua mãe é uma senhora que comunga todas as vezes que eu posso celebrar a Missa. Mas, por que me perguntais a respeito dele?
– Eu o conheço um pouco, e queria fazer dele um frade pregador.
– Isso não me parece possível, pois seus pais são pobres exilados, vindos de Bolonha, e o jovem Miguel é seu único sustento. Ele não é chamado a ser frade!
– Deixe-me dizer: Estou cheio de esperança quanto a esse menino. Na vinda eu rezei o Rosário por ele e espero conquistar o bom Miguel!
– Assim sendo, ide vós mesmo falar com a família Ghisleri, e entendei-vos com os pais dele!
Após terem conversado, o pai de Miguel Ghisleri consentiu ao pedido desse bom religioso.
Foi então o jovem Miguel estudar nos Dominicanos de Voghera. Aos 15 anos recebeu o hábito, e aos 23 foi ordenado sacerdote. Lecionou durante 16 anos, tornou-se mestre de noviços e em seguida prior de diversas casas da ordem.
Em 1556, o Papa Paulo IV nomeou-o bispo de Nepi e Sutri e, no ano seguinte, criou-o Cardeal. Em 1565, faleceu Pio IV, sucessor de Paulo IV e, no conclave, para eleição do novo papa, São Carlos Borromeu, Cardeal Arcebispo de Milão, trabalhou para que os votos favorecessem ao Cardeal Ghisleri.
De fato, foi eleito pontífice, sob o nome de Pio V, e governou a Igreja durante 7 anos com sabedoria e glória. Foi graças às suas orações e esforços que a os católicos obtiveram vitória contra os turcos, na famosa batalha naval de Lepanto, em 7 de outubro de 1571, a qual salvou o  Cristinianismo de vir a naufragar perante a maré montante turca. Depois da sua morte, a fama das virtudes heróicas e dos milagres que realizava, fizeram com que ele merecesse ser posto entre o número dos santos e sua memória é comemorada no dia 5 de maio.
Assim, aquele que quando criança fora fiel no cuidado de tão pobre rebanho, tornou-se pastor de toda a Igreja. Tendo sido dedicado em guardar suas ovelhas de todo o perigo, na infância, quando ancião soube também defender seu rebanho ameaçado por ferozes inimigos.
Por intercessão e pelo exemplo de São Pio V, sejamos também nós fiéis no pouco, para o sermos também nas grandes “lepantos” que teremos durante a nossa vida.
Texto: Renan Freitas

LAMENTÁVEL DESPREZO DOS HOMENS PARA COM A GRAÇA

  (continuação de trechos do livro de  Matthias Joseph Scheeben :retiradas  do seu magnífico livro intitulado   "As Maravilhas da Graça Divina")



  A causa de tão deplorável desprezo é fornecerem-nos nossos sentidos uma ideia por demais elevada dos bens perecíveis, e ser nosso conhecimento dos bens eternos excessivamente superficial. Consideremos mais atentamente estes dois extremos e procuremos reparar nosso erro. O amor dos bens celestes aumentará em nós, na mesma medida em que diminuir o amor dos bens terrestres (São Bernardo, In ascensione Domini, s.3,n.7). Aproximemo-nos o maia possível  desta inesgotável fonte da graça divina; prenderão suas riquezas a nossa atenção, fazendo-nos desprezar os bens da terra. Desta forma aprenderemos a estimá-la. Aquele que venera e louva a graça - diz S. João Crisóstomo - guardá-la-á e velará ciosamente por ela (In Ephes. Homil. II. n.3).
         
         Comecemos, pois , com auxílio de Deus. "Os louvores da glória de sua graça ( Ef I, 6).

         Deus omnipotente e bom, Pai das luzes e das misericórdias, de quem procede todo o dom , Tu, que, segundo o desígnio de tua  vontade, nos adotaste pela graça; que, desde o princípio do mundo, escolheste e predestinaste teu Filho, para nós, a fim de que, como filhos teus, sejamos santos e imaculados em tua presença com um santo amor (Ef. I. 4-6), concede-nos o espírito da sabedoria e, da revelação, ilumina os olhos do nosso coração, e assim reconheceremos a esperança de tua escolha, as riquezas da glória de tua herança em teus santos (Ef. I.17-18). Dá-me a luz e força para que consiga não diminuir com minhas palavras este dom da graça, pelo qual arrancas os homens ao pó de sua raça mortal e os adotas em tua divina família. Senhor Jesus Cristo, Nosso Salvador, Filho de Deus vivo, por teu sangue divino derramado para salvar-nos e restituir a graça, faz com que eu alcance mostrar, na medida de minhas débeis forças, o inestimável valor desta graça, por ti a tal preço comprada.
        E tu, Espírito Supremo e santo, selo  e dom do divino amor, hóspede santificador de nossa alma, por cujo intermédio a graça e a caridade se derramam em nosso coração, tu, que por teus sete dons as nutre e sustentas, e que jamais dás a graça sem que te dês a ti mesmo, revela-nos sua essência e seu inapreciável valor.
      Santa Mãe de Deus, Mãe da divina graça, faz que eu possa mostrar aos homens, transformados pela graça em filhos de Deus e filhos teus, os tesouros pelos quais entregaste teu Divino Filho.
      Santos Anjos, espíritos glorificados pelo esplendor da graça divina, e vós, almas que passastes deste desterro ao seio do Pai celeste, todos, que no céu gozais do fruto da graça, ajudai-me com vossas orações para que, dissipadas as nuvens que ocultam a meus olhos e aos olhos dos outros o sol da graça, refulja ele com todo o seu brilho, e desperte, por seu resplendor, em nossos corações, o amor e o desejo da vida eterna.

(continua...)

sábado, 5 de outubro de 2013

AS MARAVILHAS DA GRAÇA DIVINA

      Ouve-se constantemente expressões como "Graças a DEUS", mas poucos sabem o seu verdadeiro sentido e tudo que derivam delas!
       Durante algumas semanas explicar-vos-ei o seu significado e o que são estas as graças de DEUS, com as explicações de  Matthias Joseph Scheeben :retiradas  do seu magnífico livro intitulado "As Maravilhas da Graça Divina", encontrado por casualidade numa traduçao em lingua portuguesa, por P. Dinarte Duarte Passos, C. M. e editado em 1952 pela Editora Vozes, Ltda. Petrolis.
Eis alguns trechos:        

A ESSÊNCIA DA GRAÇA

Livro Primeiro
LAMENTÁVEL DESPREZO DOS HOMENS PARA COM A GRAÇA

        A graça de Deus - objeto deste livro- é um clarão da bondade divina que, vindo do céu à alma , enche-a , até ás profundezas , de uma luz, a um tempo tão suave e poderoso que encanta ela o próprio olhar de Deus; transforma-se em objeto de seu amor e se vê adofada como esposa e filha de sua natureza...

        Ensina o Anjo da Escola que o mundo inteiro, com tudo que contém, vale menos aos olhos divinos que um só homem em estado de graça (São Tomás, Sum. Theol. I-II, q.113). Vai mais longe Santo Agostinho e afirma  que o céu e todos os coros dos  anjos não lhe podem comparar. Deveria o homem sentir-se mais reconhecido a Deus pela menor graça do que se recebesse a perfeição dos espíritos puros ou o domínio dos mundos celestes. Como não sobrepujaria então a graça a todos os bens da terra?
       Entretanto, a ela preferimos qualquer um destes bens, trocámos-la - sacrilégio horrendo! pelos mais abomináveis; brincamos com ela, dela zombamos.
       Não se envergonham os homens de sacrificar esta plenitude de bens, que Deus nos oferece juntamente consigo. E tudo isto, por não se privarem de um olhar impuro! Mais insensatos que Esaú, vendem sua herança pelo miserável prazer de um instante: Ela que sobrepujava em valor ao mundo tudo!
       Assombrai-vos, ó céu! Portas do empireo, declarai-vos em luto!
      Quem seria tão temerário e insensato que, para proporcionar-se um passageiro deleito, faria desaparecer o sol do mundo, decretaria a queda das estrelas e introduziria a confusão em todos os elementos? Quem ousaria sacrificar todo o mundo a um capricho, a uma ambição? Que é a perda do mundo em comparação com a perda da graça? E pensar que isto se pratica com tanta facilidade e frequência! E isto se dá, já não digo diariamente, e, sim, a cada instante e com muitíssimos homens! Quantos se esforçam por impedí-lo já em si, já nos outros? Quantos os que se entristecem e se lamentam por isto?
      Estremecemos quando obscurece o sol por um momento, quando o terramoto devasta uma cidade, quando uma epidemia ceifa homens e animais. E entretanto, algo de imensamente mais terrível e mais triste repete-se cada dia sem nos comovermos: o fato de perderem tantos homens continuamente a graça de DEUS, e desprezarem as mais favoráveis ocasiões de alcançá-la e aumentá-la... 
      Nunca será suficientemente intenso nosso pranto, se chegarmos a destruir em nossa alma o paraíso da graça. Neste casocom efeito, perdemos o reflexo da natureza divina; privamo-nos da rainha das virtudes, a caridade, com todos os seus efeitos sobrenaturais; expulsamos de nós os dons  do Espírito Santo e a este hóspede celeste; repelimos nossa filiação divina, as vantagens da amizade de Deus, os direitos a sua herança, o fruto dos sacramentos e de nossos méritos; em uma palavra, desprezamos a Deus, o céu, a graça com todas os seus tesouros...

a continuar...
       

terça-feira, 1 de outubro de 2013

MAE ABENÇOADA

A estátua ou imagem da Mãe Abençoada, colocada na sala de estar da família






















          Existem dois meses no ano, que são, de maneira especial, dedicados à Virgem Maria: o mês de maio e o mês de Outubro. (...) O mês de Outubro é dedicado ao Santíssimo Rosário, e sua festa se comemora no dia 7 de Outubro. Durante os dois meses, a estátua ou imagem da Virgem Maria, colocada na sala de estar da família, é decorada com flores frescas, recém-colhidas, e velas. A família recita orações pela manhã e à noite, orações dedicadas à Virgem, escolhidas por ela: por exemplo, a Salve Rainha, o Lembrai-vos, ou o Magnificat.


É tradição, entre os católicos, cantar hinos em honra a Maria, Mãe de Deus. (...) Nós gostamos particularmente do Canon de Mozart que é composto apenas por duas palavras, as que foram ditas pelo o Anjo Gabriel quando saudou Nossa Senhora, pela primeira vez; e, desde então, repetidas por milhares de lábios, em todo o mundo: "Ave Maria". "Meerstern" (Stella Matutina, Estrela da Manhã), foi recebida com entusiasmo por todos os que a ouviram, pelo menos uma vez.

Fonte: UM MINUTO COM MARIA



         Virgindade Perpétua de Maria

                              Escritos de São Jerónimo – Capítulos 3 e 4


Capítulo 3

Sua primeira declaração [argumento de Helvídio para refutar a Virgindade Perpétua de Maria] : “Mateus diz: ‘O nascimento de Jesus Cristo foi assim: quando sua mãe Maria estava prometida a José, antes de coabitarem, encontrou-se grávida pelo Espírito Santo. E José, seu marido, sendo um homem justo e não desejando denunciá-la publicamente, pensou em repudiá-la em segredo. Mas enquanto pensava essas coisas, um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e disse: ‘José, filho de Davi, não temas em tomar para ti Maria como tua esposa, pois o que nela foi gerado provém do Espirito Santo’. Notem” – continua ele – “que a palavra empregada é ‘prometida‘ e não ‘confiada‘, como vocês dizem; é óbvio que a única razão para estar prometida é porque deveria se casar um dia. E o Evangelista não iria dizer ‘antes de coabitarem’ se eles não viessem a coabitar no futuro, já que ninguém usaria a frase ‘antes de jantar’ se certa pessoa não fosse jantar. Também o anjo a chama ‘tua esposa’ e se refere a ela como unida a José. A seguir, somos chamados a ouvir a declaração da Escritura: ‘E José despertou do seu sono e fez como o anjo do Senhor lhe havia ordenado, tomando-a para si como esposa; e não a conheceu até que deu à luz a seu filho’”.

Capítulo IV

[São Jerónimo começa a argumentar e destruir Helvídio] Consideremos cada um desses pontos, pois seguindo o caminho dessa impiedade mostraremos que ele [Helvídio] está se contradizendo. Admite que [Maria] estava “prometida” e que o próximo passo seria se tornar esposa daquele homem a quem estava prometida. Novamente, ele a chama de “esposa” e diz que a única razão para estar prometida seria pelo fato de casar-se um dia. E, temendo que não o compreendêssemos suficientemente bem, ainda diz: “a palavra usada é ‘prometida’ e não ‘confiada’, isto é, ela ainda não se tornara esposa, nem mesmo havia sido unida pelo contrato de casamento”.

Mas quando ele continua: “o Evangelista jamais usaria tais palavras se eles não viessem a se juntar futuramente, já que não se usa a frase ‘antes de jantar’ se certa pessoa não for jantar”. Sinceramente não sei se devo lamentar ou rir. Deveria acusá-lo de ignorância ou de imprudência? Como se isto, supondo que uma pessoa dissesse: “Antes de jantar no porto, naveguei para a África”, significasse que tais palavras obrigatoriamente demonstrassem que essa pessoa alguma vez já jantou no porto. Se eu preferisse dizer: “o apóstolo Paulo, antes de ir para a Espanha, foi preso em Roma”, ou (como também acho provável) “Helvídio, antes de se arrepender, morreu”; acaso teria Paulo obrigatoriamente estado na Espanha [após a prisão], ou Helvídio se arrependeria após a morte, ainda que a Escritura diga: “No Sheol quem vos dará graças?”?

Não podemos entender a preposição “antes” – ainda que muitas vezes signifique ordem no tempo – como também ordem de pensamento? Portanto, não há necessidade que nossos pensamentos se concretizem, se alguma causa suficiente vier a evitá-los (sua concretização). Logo, quando o Evangelista diz “antes que coabitassem”, indica apenas o tempo imediatamente precedente ao casamento, e mostra que estava em estado bem adiantado, pois ela já estava prometida, a ponto de estar próximo o momento de se tornar esposa. Conforme diz [o Evangelista], antes de se beijarem e se abraçarem, antes da consumação do casamento, ela se encontrou grávida. E ela foi determinada para pertencer a ninguém mais a não ser José, que guardou com zélo o ventre cada vez maior de sua prometida, com olhar inquieto mas que, a esta altura, quase que com o privilégio de um marido.

Ainda que possa parecer – conforme o exemplo citado – que ele teve relações sexuais com Maria após o seu parto, o seu desejo poderia ter desaparecido pelo fato dela já ter concebido anteriormente. E, embora encontremos que foi dito a José em um sonho: “Não temas em receber Maria por tua esposa” e, de novo: “José despertou do seu sono e fez conforme o anjo lhe ordenara, tomando-a por sua esposa”, não devemos nos preocupar com isto, pois ainda que seja chamada “esposa”, ela somente deixou de ser prometida, pois sabemos que é usual na Escritura dar esse título para aqueles que são noivos.

A seguinte evidência, retirada do Deuteronómio, assim o indica: “Se um homem” – diz o Escritor [sagrado] – “encontra uma mulher prometida no campo e a violenta, deve ser morto porque humilhou a esposa do seu próximo”; e, em outro lugar: “Se uma virgem é prometida a um marido, e um homem a encontra na cidade e a violenta, então deveis trazé-los para fora do portão da cidade e os apedrejareis até à morte; a mulher porque não gritou, estando na cidade, e o homem porque humilhou a esposa do seu próximo. Fareis isto para eliminar o mal do meio de vós”; e também, em outra parte: “Que tipo de homem é este que possui uma esposa prometida e ainda não a recebeu? Que volte para sua casa, para que não morra na batalha, e que outro homem a despose”.

Mas se alguém guarda dúvidas do porquê a Virgem concebeu após estar prometida [a José], uma vez que não estava prometida a mais ninguém, ou, para usar os termos da Escritura, estava sem marido, deixe-me explicar três razões: [1ª] Pela genealogia de José, Maria possuía parentesco com ele, e a origem de Maria também precisava ser demonstrada; [2ª] Porque ela não poderia ser enquadrada na Lei de Moisés para ser apedrejada como adúltera; [3ª] Porque em sua fuga para o Egito ela precisava de segurança, o que poderia ser obtido com a ajuda de um guardião, de preferência um marido.

Quem, naquele tempo, acreditaria na palavra da Virgem, de que teria concebido pelo poder do Espírito Santo, e que o anjo Gabriel lhe teria aparecido para anunciar o propósito de Deus? Todos não a chamariam de adúltera, como fizeram com Susana? Ainda nos tempos presentes, quando praticamente toda a terra abraçou a Fé, não vêm os judeus afirmar que as palavras de Isaías: “Eis que a ‘Virgem’ conceberá e dará à luz um filho” são equívocas porque o termo hebraico almah que aparece na frase, significa mulher jovem, enquanto que o termo bethulah, que significa virgem não é usado? Tal posição, abordaremos com mais detalhes adiante.

Finalmente, com exceção de José, Isabel e da própria Maria – e talvez de mais alguns poucos que podemos supor ouviram a verdade da boca deles – todos supunham que Jesus era filho de José. E de tal modo era essa a suposição que até mesmo os Evangelistas, expressando a opinião corrente – que é a regra correta para qualquer historiador – o chamavam de pai do Salvador, como, por exemplo: “Movido pelo Espírito, ele (isto é, Simeão) veio ao Templo. Então os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir as prescrições da Lei a seu respeito”; e, em outro lugar: “E seus pais iam todos os anos a Jerusalém por ocasião da festa da Páscoa”; e, mais adiante: “Tendo completado os dias, eles retornaram, mas o menino Jesus permaneceu em Jerusalém, e seus pais não sabiam disso”.

Note-se que a própria Maria respondeu ao [anjo] Gabriel com as seguintes palavras: “Como se sucederá isso, se não conheço varão?”, dizendo isto a respeito de José; e, mais: “Filho, por que fizeste isto conosco? Teu pai e eu estávamos à tua procura”. Não fazemos uso aqui, como muitos fazem, do discurso dos judeus ou dos escarnecedores. Os Evangelistas chamam José de “pai” e Maria confessa que ele era pai. Não – como já disse antes – que José fosse realmente o pai do Salvador, mas, preservando a reputação de Maria, todos o viam como sendo o pai [de Jesus], pois ouvira a advertência do anjo: “José, filho de David, não temas em tomar para ti Maria como tua esposa, pois o que nela foi gerado provém do Espírito Santo”, pois pensava em repudiá-la em segredo; tudo isto bem demonstrando que o filho não era dele.

Ao dizermos tudo isto, mais com o objetivo de oferecer uma instrução imparcial do que responder a um oponente, mostramos o porquê José era chamado de pai de Nosso Senhor e o porquê Maria era chamada de esposa de José. Isto também responde ao porquê de certas pessoas serem chamadas de “seus irmãos”. Entretanto, este último ponto encontrará seu lugar apropriado mais adiante.

Continua…
( Tradução: José Fernandes Vidal e Carlos Martins Nabeto – Central de Obras do Cristianismo Primitivo)