JESUS, EU CONFIO EN VÓS

Somo Servos da Misericórdia Divina.

O que é extraordinário, nos textos e mensagens entre Jesus e a Irmã Faustina, é que em qualquer dos textos citados podemos identificar-nos com a Irmã Faustina, como se estas mensagens estejam diretamente dirigidas a cada um de nós. A alma que tem sede de Deus, e por ter procurado uma intimidade com Ele, mas sem saber como a alcançar, está agora em plena consciência, enquanto anteriormente não distinguia claramente a Sua voz, nem compreendia a Sua mensagem, a partir da leitura das declarações de Jesus e suas interpretações da Irmã Faustina, o véu abriu-se e agora tudo ficou transparente e nítido.

Estas mensagens, que nos foram dirigidas, ao longo de toda a nossa vida, ganharam sentido, ultrapassando a barreira do tempo e agora disponíveis e compreensíveis para todos aqueles que o desejam, em comunhão com os Santos e a Santa Igreja, pela graça da Misericórdia Divina.


Diariamente, colocaremos citações da obra de Santa Faustina, ou de outros autores que também receberam graças muito especiais, que o ajudará, com certeza, na sua meditação diária.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

SANTO INÁCIO DE LOYOLA

Santo Inácio de Loyola
Um extraordinário vigor de espírito, a
santidade abraçada e levada às suas últimas consequências
Na vida de Santo Inácio de Loyola a força de vontade e as atitudes extremas foram uma constante, e sua inflexível coerência constitui a nota mais bela da existência do grande Fundador da Companhia de Jesus.
Santo Inácio de Loyola nasceu em 1491, na casa torre dos senhores de Loyola, em Azpeitia, norte da Espanha. Era o décimo terceiro filho do casal e entrou aos l9 anos comopajem na corte do Rei Fernando V. Dotado de temperamento ardente e belicoso, a carreira das armas o seduziu. No cerco de Pamplona foi gravemente ferido na perna. Durante longa convalescença, por falta de livros de cavalaria, que o apaixonavam, deram- lhe para ler a Vida de Jesus Cristo e dos santos. Tal leitura foi para ele uma revelação. Compreendeu que a Igreja também possuía sua milícia, a qual, sob ordens do representante de Cristo, luta para defender na Terra os interesses sagrados do Deus dos exércitos.
Cavaleiro de Cristo e da Igreja militante
Na célebre abadia de Montserrat, Inácio depõe a espada aos pés da Santíssima Virgem e sua alma generosa, outrora seduzida pela glória mundana, não mais aspira senão pela maior glória do grande Rei que doravante servirá. Na noite da Encarnação, a 25 de Março, depois da confissão de suas faltas, fez a vigília de armas e pela Mãe de Jesus é armado cavaleiro de Cristo e da Igreja militante, sua esposa. Será em breve general da admirável Companhia de Jesus, suscitada pela Providência para combater o protestantismo, o jansenismo e o paganismo renascente. A fim de conservar em seus filhos a intensa vida interior que supõe a atividade militante à qual os destina, Santo Inácio lhes dá uma forte hierarquia e lhes ensina, em magistral tratado aprovado pela Igreja, seus Exercícios Espirituais que têm santificado milhares de almas.
Tudo para a maior glória de Deus
O lema que santo Inácio escolheu para sua milícia foram: Ad Maiorem Dei Gloriam — Para a Maior Gloria de Deus. Eis toda a sua santidade. E o fim da Criação, o fim da elevação do homem ao mundo sobrenatural, o fim dos preceitos do Evangelho em que almas generosas renunciam às coisas lícitas para se ocuparem mais livremente dos interesses de Deus e para lhe darem essa totalidade de glória acidental, cujo uso pelos homens, de coisas ilícitas, O havia privado. A 13 de julho de 1556 morre Santo Inácio, pronunciando o nome de Jesus. Sua Companhia, espalhada pelo mundo inteiro, contava então dez províncias e cem colégios.
Homem de decisões extremas
Sobre a vida de Santo Inácio de Loyola, cujos aspectos constituem um conjunto sobremodo arquitetônico e rico, poder-se-ia tecer inúmeros comentários. Entretanto, gostaria de ressaltar um lado que me parece ser a nota mais bela de sua existência, o ponto pelo qual ele brilhou especialmente no firmamento da Igreja. Refiro-me à sua força de vontade e de decisão que o fazia tomar, em todas as suas atitudes, a posição mais extrema, mais aguda, aquela que chegava ao fim último, sem meios termos.
Tomemos em consideração, por exemplo, o conhecido episódio de sua perna quebrada no cerco de Pamplona. Não se pode conceber algo de mais tremendo do que um homem, então mundano e voltado para as honras terrenas, ao se ver na contingência demancar para o resto da vida em virtude de um erro ortopédico, decidir mandar quebrar de novo o osso imperfeitamente consolidado para que a perna ficasse em ordem. E istoporque, pelos cânones da elegância naquele tempo, um fidalgo capenga seria malvisto na corte e teria sua carreira política e militar prejudicada.
Ora, Inácio de Loyola encarou de frente o futuro que essa deficiência lhe traçava. Pesou tudo em sua crueza: “Quero viver na corte, desejo seguir a carreira militar. Se eu ficar coxo de uma perna, não brilharei entre meus pares,não dançarei, não terei valor algum como soldado. Ora, devo lutar, devo luzir na corte. Se não me livrar dessa carência física,minha vida está rateada. Então, vamos quebrar de novo esta perna!” Imaginemos agora um cirurgião munido dos instrumentos e métodos ortopédicos daquele tempo, desferindo pancadas sobre um osso mal jungido, rompendo-o e ligando-o de novo. O que isso significava de dolorido e dramático, só quem o sofreu pode saber!
Em seguida, os longos dias e as horas intermináveis de inércia num leito, aguardando a consolidação do osso e a recuperação dos movimentos da perna, seriam horrivelmente enfadonhos para aquele homem superativo, afeito a batalhas e grandes realizações.
Vê-se nessa atitude a decisão extrema do homem que mediu tudo e resolveu aceitar um sacrifício momentâneo em prol de seu futuro brilhante. Excluindo-se os motivos meramente mundanos que o levaram a essa situação, percebe-se naquele Inácio de Loyola o senso da preeminência do definitivo sobre o efêmero, uma fibra de alma para enfrentar tudo que fosse preciso e uma capacidade de olhar os problemas de frente que nos deixam admirados.
Santidade levada às últimas consequências
O mesmo vigor de espírito, a mesma força de decisão e de vontade ele empregará no momento de se converter e abraçar o chamado de Deus. Homem mundano e militar vaidoso, esquecido das coisas do Céu, sente-se tocado de modo irresistível pela graça e, como procedera em relação ao defeito físico, medita nas suas lacunas morais: “Tenho de encarar de frente as verdades eternas, o Céu, o inferno, a salvação ou a condenação. Recebi graças, compreendi como o ser autêntico católico significa dedicar-se ao serviço de Deus, a amá-Lo sobre todas as coisas nesta Terra e na eternidade. Não ser assim é procurar apenas a felicidade transitória do mundo, mas também o infortúnio e a injúria a Deus. Essa é a verdade, e tenho de encará-la.
Devo tirar todas as consequências que daí pendem para mim, Inácio de Loyola, e estas consistem em seguir a voz da graça que me pede, à vista dessas considerações, uma completa mudança de vida, vivendo ao contrário do que até agora vivi, construindo para mim uma existência feita de abnegação, de humildade, mas, sobretudo, de coerência. Serei coerente até o fim na verdade que considerei e abracei por inteiro.
E temos, assim, o programa de vida magnífico de Santo Inácio de Loyola. Ele não recuou diante de nada e empreendeu tudo quanto foi necessário para levar essa coerência até os últimos limites. Recordemos, por exemplo, o fato de ele se pôr como um mendigo, sujo e maltrapilho, pelas ruas de sua cidade, sendo reconhecido pelos seus antigos amigos fidalgos que o interpelavam com risos sarcásticos nos lábios:
— Sois vós, Inácio? O que aconteceu?
— Faço isto por amor a Deus e em reparação de meus pecados.
Os outros riam mais alto e se afastavam. Se nos colocarmos, cada um de nós, na pele de Santo Inácio em semelhante situação, numa rua de nossa cidade natal, poderemos talvez aquilatar o que essa atitude representava de vitória sobre o amor-próprio e os apegos mundanos.
Pouco depois, ele funda a Companhia de Jesus, obra minúscula, constituída de meia dúzia de discípulos, com a intenção de deter a avalanche da reforma protestante pela Europa do século XVI. Santo Inácio decide realizar essa coisa extraordinária: uma ordem militar, no sentido mais elevado da palavra, para opor barreiras ao inimigo da Igreja.
Mais uma vez, é a eterna coerência levada às últimas consequências. Ele empreende a obra jesuítica, levanta diques à Revolução e, afinal de contas, consegue salvar e preservar vastos territórios do mundo católico.
Tratado da coerência humana
Esse espírito coerente levado até o fim, esse tratado da genuína coerência humana se acha expresso nos célebres Exercícios Espirituais escritos por Santo Inácio. Da primeira à derradeira linha, tudo neles não é senão o ver os problemas de frente, sem nenhuma mitigação covarde.
Poder-se-ia distinguir, nos Exercícios Espirituais, duas gamas de coerência levadas ao último ponto: uma, que é o pólo de todas as outras coerências, exprime-se pelodireitosoberano de Deus, de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Santa Igreja Católica, de serem amados sobre todas as coisas pelos homens; a segunda se traduz pela desconfiança a nosso próprio respeito, pela consideração da maldade de toda criatura humana concebida no pecado original, pela falta de lealdade que cada um tem para consigo mesmo e nossa desonestidade em assumirmos os bons propósitos — o que, tudo, deve ser visto igualmente de frente e até o fim.
Na junção dessas duas gamas de coerência temos uma obra característica da alma de Santo Inácio. Encontra-se ali uma super-coerência que só as almas autenticamente virginais possuem, e constitui para nós um indizível modelo de pureza de intenção, aliada à pureza do corpo.
Pedir a graça de sermos coerentes na santidade
Assim sendo, para concluir esses comentários, creio oportuno invocarmos a intercessão de Santo Inácio de Loyola, rogando a ele nos obtenha a graça de o imitarmos nessa sua extraordinária coerência. Que tenhamos, como ele, a coragem de vermos nossos defeitos de frente, por piores e desagradáveis que sejam, e, como ele, tenhamos a coerência sem meios termos para abraçar a verdade inteira, a virtude completa, o caminho da santidade levado até as últimas consequências.
Claro está, sem a graça divina nada alcançamos. Sem a infalível proteção de Maria Santíssima, dificilmente vencemos nossa maldade e nossas fraquezas. Porém, rezando e confiando nesse patrocínio de nossa Mãe celeste, nossas defecções e debilidades serão sobrepujadas e obteremos de Deus os dons necessários para correspondermos à plenitude do que Ele deseja de nós.

          Pode mesmo parecer milagroso que alguém, considerando suas misérias, chegue ao grau de virtude de Santo Inácio de Loyola. Pois devemos pedir esse milagre da misericórdia divina, uma vez que a todos os homens são franqueadas as graças necessárias para alcançarem a perfeição. 
Seja essa a nossa ardente súplica ao grande Santo Inácio de Loyola. (Os Santos comentados/ Monsenhor João Clá Dias, EP). Fonte: http://www.arautos.org/especial/49367/Santo-Inacio-de-Loyola.html

Exercícios Espirituais de Santo Inácio

Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola na Vida Quotidiana (EVQ)

A versão dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola (EVC), apresentada neste site, é uma adaptação on line das experiências dos EVC já desenvolvidos por orientadores jesuítas e Centros de Espiritualidade Inaciana do Brasil.

I - Apresentação
1) O que são os Exercícios Espirituais (EEs) de Santo Inácio de Loyola?
“Entende-se, por Exercícios Espirituais, qualquer modo de examinar a consciência, meditar, contemplar, orar vocal ou mentalmente e outras atividades espirituais” (Inácio de Loyola). Trata-se, pois, de uma metodologia de desenvolvimento espiritual, proposta por Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus (Ordem Religiosa dos Padres e Irmãos Jesuítas). A sua primeira redação, pelo próprio Inácio, se deu no ano de 1522, refletindo sua experiência espiritual. Mais tarde, foi enriquecida com sua experiência apostólica e sua formação intelectual (Paris, 1528-1535 e Veneza, 1536-1537).

2) Para que servem os Exercícios Espirituais?
A finalidade dos EEs pode ser resumida em três grandes metas:
- ser uma “escola de oração”, promovendo uma profunda união com Deus;
- desenvolver as condições humanas e espirituais para que o exercitante possa tomar uma decisão importante na sua vida;
- ser uma ajuda para a pessoa alcançar a liberdade de espírito, através da consciência do significado de sua existência, discernindo o que mais a conduz para a vida em plenitude.

3) O que significa “método de exercício espiritual”?
Significa que você, nos exercícios, não vai encontrar um tratado, uma teoria, nem mesmo, muito conteúdo. Mas, sim, um roteiro de exercícios. Como um roteiro de exercícios físicos, a matéria é desenvolvida pela própria pessoa, ao praticar os exercícios. Comparando-se a exercícios musicais, ou seja, um roteiro de exercícios para aprender a tocar um instrumento musical, a beleza da matéria está no resultado que a prática dos exercícios produzirem. Com o passar do tempo, a execução da música torna-se espontânea e resulta na beleza da música, na sua afinação e na sintonia com a orquestra toda.

4) Como praticar os Exercícios Espirituais?
Os EEs podem ser praticados na modalidade de um “RETIRO ESPIRITUAL”. Ou seja, afastando-se do seu local de vida e de atividades quotidianas, “retira-se” para um lugar mais propício à meditação. Para este fim, a Companhia de Jesus e outras congregações religiosas dispõem de casas de retiro espiritual (cf. endereços abaixo). Outra modalidade para a prática dos Exercícios Espirituais é a que se propõe neste site: “EXERCÍCIOS NA VIDA QUOTIDIANA” (EVQ). Neste caso, sem se afastar de seus afazeres diários e se retirar a um lugar isolado, você poderá fazer os exercícios no dia-a-dia de sua vida.

5) Como praticar os Exercícios na Vida Quotidiana (EVQ)?
Se você optar por fazer uma experiência espiritual seguindo a proposta dos EVQ do presente site, observe o seguinte:
1º) Durante trinta dias, para cada dia, você seguirá um roteiro com proposta de meditação.
2º) Procure  focar somente o conhecimento do roteiro e a  exercita-lo em seguida, pois, tratando-se de um caminho a ser percorrido espiritualmente, em oração, e não apenas intelectualmente.
3º) Organize  sua caminhada espiritual: nestes trinta dias, dedique 30´ (trinta minutos) diários à meditação. Se possível, faça o exercício no início do dia, antes de iniciar os afazeres do dia, em ambiente silencioso que possibilite a concentração de todo o seu ser. No restante do dia você poderá retomar o Exercício, repetindo a frase ou palavra do texto bíblico que mais lhe marcou. Se você não puder dedicar esses trinta minutos exclusivos para o Exercício, você poderá fazê-lo até mesmo enquanto estiver em trânsito para o trabalho, ou em algum intervalo, durante o dia. Neste caso, você poderá fazer essa leitura antes de sair de casa ou imprimir a página do Exercício Diário ou memorizar uma frase ou uma palavra que mais te chamou atenção no texto. Quanto ao tempo de oração, Santo Inácio insiste na fidelidade diária e na pontualidade, pois essa “disciplina espiritual” é importante para você ir adquirindo um hábito espiritual.

6) Orientação / acompanhamento espiritual?
Se tiver o acesso na sua Paróquia ou Comunidade, a alguém que já tenha feito os EEs completos, procure, preferencialmente no final de cada semana (ou após os trinta dias), um acompanhamento espiritual. Nesta orientação espiritual, você poderá narrar os momentos mais significativos de sua caminhada espiritual e receber ajuda para discernir os próximos passos. Se possível, procure participar de um grupo de partilha dos EVQ, acompanhado por pessoa experiente em orientação espiritual. Para dúvidas práticas poderá endressar o contato deste site, conforme está abaixo e no final de cada semana de EEs

7) O roteiro de EEs.
O que se apresenta neste site é uma proposta de um mês de exercícios diários, correspondente à iniciação dos EEs. É um roteiro com matérias específicas para cada uma das quatro semanas de oração. Após esta fase de iniciação, se  desejar um aprofundamento da experiência na prática dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, sugerimos buscar orientação especializada em algum dos centros de espiritualidade inaciana . Contudo poderá formular um roteiro de caminhada espiritual. Para isso, o texto do Evangelho da Liturgia Diária é excelente (cf., neste site, “Evangelho do Dia” ou “Liturgia Diária”).

A IMPORTANCIA DO EXAME DE CONSCIENCIA

A prática do exame de consciência nos leva não apenas ao auto-conhecimento, senão que, ao nos pôr em contato com a nossa própria verdade, contribui para evitar que caiamos em uma imagem falsa de nós mesmos e do mundo, cujo resultado seria o relaxamento espiritual e a acomodação diante dos apelos divinos de mudança e conversão. Pois, ninguém pode corrigir seus defeitos se não se conhece ou se conhece pouco, como também não pode cultivar virtudes e dons, quem deles só tem uma noção vaga e confusa. Daí que no exame inaciano, após agradecer a Deus pelos benefícios e dons recebidos, nos “mortificamos” através da consciência da nossa própria incapacidade e fraqueza, das nossas misérias e quedas, de tudo aquilo, enfim, que nos recorda termos sido gerados do nada e ao nada continuamente tendermos, pois não subsistimos e nem podemos agir senão com o incessante concurso de Deus.

Adelson Araújo Santos, SJ. in ITAICI – Revista de espiritualidade Inaciana, n. 84 (Junho/2011)
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terça-feira, 30 de julho de 2013

ORAÇÃO PARA CONSERVAR O SANTO TEMOR

         Ó Jesus, conservai-me em santo temor, para que eu não desperdice as graças. Ajudai-me a ser fiel às inspirações do Espírito Santo; permiti antes que o meu coração se desfaça, por amor a Vós, do que não corresponda a um só ato que seja do Vosso amor.
         (D.1557)

AS ALMAS SERÁFICAS ...

        Quando entrei por um momento na capela, o Senhor deu-me a conhecer que, entre as almas aleitas, são Suas prediletas as que chama a uma santidade superior, a uma excecional união conSigo. São as almas seráficas, às quais Deus exige que O amem mais que as outras; embora todas vivam no mesmo convento, no entanto, algumas vezes Ele pede em particular a uma alma um maior grau de amor. Essa alma entende o Seu chamamento, porque Deus lho dá a conhecer no seu íntimo. Contudo, pode segui-lo, ou não: depende dela ser fiel aos impulsos do Espírito Santo, ou resistir. No entanto, sei que existe um lugar no Purgatório em que as almas prestarão contas a Deus por essa espécie de faltas; é o tormento mais doloroso.
        A alma especialmente assinalada por Deus distingue-se-á em toda a parte, tanto no Céu, como no Purgatório, ou no Inferno. No Céu, diferenciar-se-á das outras por uma maior glória, esplendor, e em mais profundo conhecimento de Deus; no Purgatório, por uma dor mais pungente, porque conhece mais em profundeza e anseia mais ardentemente a Deus; no Inferno, sofrerá ainda mais do que as outras almas, pois reconhece por inteiro Aquele a quem perdeu. Essa indelével marca, do amor exclusivo que Deus lhe tem, nunca nela se poderá apagar.
        (D.1556)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

NOS CASOS DE DÚVIDA...


   Nos casos de dúvida, não hei-de agir, mas sim procurar com toda o cuidado esclarecimento junto dos sacerdotes e, especialmente, do meu diretor espiritual. Não me justificarei das acusações e observações que me forem feitas por qualquer pessoa, a não ser no caso de me pedirem expressamente, para dar testemunho da verdade. Ainda com grande paciência hei-de ouvir as confidências dos outros. Acolherei os seus sofrimentos, reconfortando-os espiritualmente, e, quanto aos meus hei-de mergulhá-los no muito compassivo Coração  de Jesus. Assim, nunca sairei das profundezas  da Sua Misericórdia, introduzindo embora nelas o Mundo inteiro. 
        (D.1550)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

OS 9 AVE MARIA EM HONRA AOS NOVE MESES DO SEU NASCIMENTO

                                    Oração de louvor 

Uma alma piedosa que souber  louvar a Deus, santificando-se com jejuns e rezando nove Avé-Maria em honra aos nove meses que passou no seio de sua mãe, ao aproximar-se dos sacramentos com piedade, a sua oração será elevada até Deus, que lhe concederá as graças para que mesmo nos momentos mais difíceis obtenha uma proteção muito especial.
(Revelação de Santa Brígida)


SÃO JOAQUIM E SANTA ANA RESPLANDECIAM...

São Joaquim e Santa Ana, num estado sobrenatural, como nenhum outro casal humano havia sido antes


Durante suas contemplações sobre os anos de pregação de nosso Senhor Jesus Cristo, a irmã Ana Catarina Emmerich relata o que segue − anotado em 16 dezembro de 1822:
 "Frequentemente ouço a Santíssima Virgem dizer às mulheres que usufruem da sua confiança, (...) vários mistérios relacionados a Nosso Senhor e a si mesma, mistérios que ela conheceu, seja por iluminação interior, seja pelo que lhe foi ensinado por sua mãe, Santa Ana. Assim, muitas vezes eu a ouvi contar a Suzana e a Marta que, quando ela levava Nosso Senhor em seu seio, jamais havia sentido o menor sofrimento; pelo contrário, sentia contínua alegria interior e felicidade infinita.
 Ela lhes contava, igualmente, que Joaquim e Ana haviam-se encontrado sob a porta dourada e numa hora, também dourada; e que, naquele lugar, a plenitude da graça divina, lhes havia sido atribuída, em virtude da qual, somente ela havia recebido a existência no seio de sua mãe, em virtude da santa obediência e do amor puro por Deus, sem qualquer mistura de impureza. Outrossim, ela lhes fez saber que isso se deu, sem o pecado original. A concepção de todos os homens teria sido pura, igualmente.
 (...) Sob a porta dourada, ou seja, na sala subterrânea que se encontrava sob a porta, eu vi Joaquim e Ana cercados por uma multidão de anjos que brilhavam com a luz celestial; Ana e Joaquim resplandeciam e eram puros como espíritos, encontrando-se em um estado sobrenatural, como nenhum casal humano havia estado antes."
Anne Catherine Emmerich 
Vida da Virgem Santíssima, capítulo II, A Santíssima Virgem fala dos mistérios de sua vida
 
Segundo as meditações de Anne Catherine Emmerich (1774-1824), livro publicado em 1854:
 
A.-C. Emmerich foi beatificada em outubro de 2004
 

VIRTUDES

Silêncio

O santo silêncio é a quinta das sete características fundamentais na Obra dos Santos Anjos e está estritamente ligado às outras seis. De modo algum, o silêncio é um fim em si: não praticamos o silêncio por causa dele, mas em vista de um outro bem. Por isso é uma virtude auxiliar, como também a humildade. Uma pessoa humilde e ao mesmo tempo tagarela não existe, porque a sua aparente humildade não seria modesta nem pronta para imediatamente servir. Sem dúvida a verdadeira humildade deve ser compenetrada do espírito de silêncio. O silêncio serve à verdade e à caridade. Não é bom sair-se logo com tudo o que é verdade; a justiça e a caridade têm que determinar o tom das nossas conversas. Muitas vezes a caridade cala-se por compaixão e consideração.
O santo silêncio dá à obediência, simplicidade e nobreza. Pelo silêncio aprendemos a cumprir uma tarefa de acordo com a verdadeira intenção dos nossos superiores, sem restrições, sem lhe imprimir o selo das nossas próprias inclinações e aversões.
Sem o apoio do silêncio interior, a fidelidade perderia rapidamente a sua força. Em períodos de provação, o monólogo interior trava uma batalha esmagadora contra a fidelidade e rói a nossa perseverança. Algumas quedas poderiam destrui -la e o mesmo aconteceria com o silêncio.
O silêncio não se dará bem senão em ligação com a temperança, porque nada há que seja tão difícil de dominar como a língua. "Se alguém não peca pela palavra, esse é um homem perfeito ... a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas" (Tg 3,2.5). O domínio de si próprio é a característica formal da temperança e de todas as virtudes afins.
Finalmente, se quisermos aprender o santo silêncio, o melhor será olhar para Maria e imitá-la, a ela, que guardava tudo no seu coração. Pelo seu silêncio Maria foi intimamente associada aos santos Anjos. Como devíamos amar o silêncio, porque numa alma que não o ama nem o sabe guardar, não pode haver esta familiaridade com os santos Anjos. São Dorotéo diz: "Guarda-te de falar muito, porque isto apaga por completo os pensamentos santos e mais prudentes, que vêm directamente do céu", isto é os que os santos Anjos querem transmitir-nos. (Sermão 30, cf Rodriguez, Exercício de perfeição cristã, II, 2). Uma alma, e igualmente uma comunidade inteira, que perder o amor ao silêncio, perderá de vista o seu fim eterno.


A importância do silêncio

"Se quiseres fazer grandes progressos na virtude e alcançar a perfeição, guarda o santo silêncio" (ibid II, 6). Assim se vê a indizível importância do silêncio! Inumeráveis santos dão testemunho disto através do exemplo da sua vida. Apesar disso, nós preferiríamos que não fosse assim, que ao menos o silêncio não fosse de tal modo indispensável. O silêncio, o calar-se, tem algo de lúgubre no sentido de nos lembrar da morte (não é verdade que se fala de um 'silêncio de morte'?), e nós queremos viver, não é? Alguns santos, porém, dizem que o silêncio é como o sal da vida, que a conserva e lhe dá o verdadeiro sabor. A vida de quem não sabe guardar silêncio é insípida.


A origem do barulho

No paraíso não havia barulho no sentido moral da palavra, porque todas as coisas contribuíam em comum para a glória de Deus e a edificação do homem. Criado em estado de graça, todas as faculdades da alma do homem estavam orientadas, numa maravilhosa sinfonia de amor, para o bem, para Deus. Já pela sua natureza, e ainda mais pela graça da amizade sobrenatural, o homem amava Deus intensamente e o mais possível. As virtudes infusas dominavam suavemente a natureza humana, porque o homem possuía também o dom sobrenatural da integridade, pelo qual todas as faculdades inferiores do corpo e da alma estavam totalmente sujeitas à inteligência e à vontade. O homem era em seu próprio ser um verdadeiro paraíso onde reinavam a paz e a harmonia. O diálogo amoroso estava encaixado num santo silêncio, porque nada em Adão e Eva estava desordenado, nem no seu próprio ser, nem no seu relacionamento com Deus ou com as criaturas que os rodeavam.
Infelizmente chegou o 'diábolo', o originador da desordem, o pai da mentira, e semeou a mentira no espírito de Eva. Ela cometeu o pecado da rebeldia e induziu também Adão a fazer o mesmo, caindo ambos no caos. A desordem, a dissonância (barulho), a discórdia são as consequências do pecado original. Não que este tivesse conseguido destruir a nossa natureza, mas ela ficou, sim, lesada. Embora permaneçam em nós a inclinação natural para com Deus e o desejo d'Ele, o amor próprio procura com a maior insistência fascinar-nos e colocar-se no trono do nosso coração. Ainda que todas as faculdades da nossa alma aspirem a 'coisas boas', elas gritam desordenada e unicamente pelos próprios prazeres.
O barulho cansa a alma que nele se gasta. No silêncio recolhemos as nossas forças. O silêncio restaura a ordem e traz a paz, definida por Santo Agostinho como a "tranquilidade da ordem". Sem a disciplina do santo silêncio, Cristo não poderá reinar como Rei no nosso coração.



O silêncio nasce com a fé e floresce na caridade

"Numquam minus soli quam soli!" - "Nunca estou menos sozinho do que quando estou sozinho!" exclamou São Bernardo. Os namorados entendem isto. Falando de modo um tanto moderno, eles diriam: "Dois chegam, três são de mais!" Duas pessoas que se amam, querem estar sozinhas para se dedicarem totalmente uma à outra.
Se o 'Amado' de uma alma de vida interior for o Esposo Divino que mora nela, será também para ela uma alegria estar sozinha sem que ninguém a perturbe, para poder falar a sós com o Amado no íntimo do coração. Mas este amor é um mistério de fé e, por isso, o santo silêncio pressupõe a fé como terra fértil onde pode brotar.
Nas suas 'Memórias', a Irmã Lúcia de Fátima deixou- nos uma maravilhosa descrição desta virtude característica do Beato Francisco: "O Francisco era de poucas palavras; e para fazer a sua oração e oferecer os seus sacrifícios, gostava de se ocultar até da Jacinta e de mim. Não poucas vezes o íamos surpreender, atrás de uma parede ou dum silvado, para onde, dissimuladamente, se tinha escapado, de joelhos, a rezar ou a pensar, como ele dizia, em Nosso Senhor… Se lhe perguntava:
- Francisco, por que não me dizes para rezar contigo e mais a Jacinta?
- Gosto mais - respondia - de rezar sozinho, para pensar e consolar a Nosso Senhor...
Quando ia à escola, por vezes, ao chegar a Fátima, dizia-me:
- Olha: tu vai à escola. Eu fico aqui na igreja junto de Jesus escondido. Não me vale a pena aprender a ler; daqui a pouco vou para o céu (A Mãe do céu prometera-lhe nada menos do que isto!). Quando voltares, vem por cá chamar- me.
(Francisco pôs-se de joelhos diante do Sacrário ... e aí o encontrava horas depois, quando voltava da escola)" (do capítulo: "Retrato do Francisco, Nº 12. Amor ao recolhimento e à oração, pag. 140 s.).



OS CAMPOS DO SILÊNCIO

Temos na nossa alma quatro faculdades, nas quais as virtudes têm a sua sede e trabalham: a prudência habita na inteligência, a justiça na vontade, a coragem ou a fortaleza no apetite irascível (agressivo) e a temperança no apetite concupiscente (sensual). Estas quatro virtudes chamam-se virtudes cardeais e têm um papel de charneira na vida moral; todas as demais virtudes estão ordenadas em torno delas (cf Cat.I.C. 1805).
A nível sobrenatural, porém, a caridade forma interiormente todas as virtudes, porque é ela que as eleva e as orienta para a meta final: Deus. Como diz São Paulo: "Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios ... ainda que tenha tão grande fé que transporte montanhas, ... ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita" (1Cor 13,2a,3a,2b,3b).
Contemplemos agora estas virtudes cardeais, fazendo uma ou outra referência à contribuição do silêncio. Claro que dos campos individuais onde o silêncio tem um papel precioso, apenas podemos dar como que um esboço.



SILÊNCIO E PRUDÊNCIA

A prudência é a virtude que nos permite encontrar e aplicar os meios razoáveis para alcançar a meta certa. "A sabedoria está no rosto do inteligente; os olhos do insensato vagueiam pelos confins da terra" (Prov 17,24). No que diz respeito à meta, a prudência associa-se à sabedoria, que nos faz gozar do bem supremo que é DEUS, para assim podermos avaliar todas as coisas a partir de cima. Neste contexto escreve o Cardeal Journet: "Se alguém estiver em estado de graça, haverá um diálogo, uma conversa como entre amigos. Disto concluímos que a dispersão do espírito que hoje domina no mundo é uma forma de loucura. Precisamos de períodos de silêncio: 'Sê silencioso e reconhece que Eu, teu Deus, estou no teu coração'. Se em períodos difíceis de provação, tristeza ou sofrimento te lembrares muitas vezes da presença de Deus em ti, que te quer dar o Seu amor, nunca estarás sozinho. Encontrarás este hóspede em ti e Ele te responderá" (cf. "O significado da graça").
Os meios nunca devem ser desejados por si mesmos, mas só na medida em que nos ajudam a alcançar a meta. Entre todos os meios, o silêncio ocupa um lugar privilegiado. Numa obra anónima inglesa do século XIV "A cela do conhecimento" lemos esta advertência do próprio Senhor: "Se trouxesses um vestido de cabedal, se jejuasses a pão e água e rezasses cada dia mil Pai nossos, Eu não teria tanta complacência em ti como quando guardas silêncio para Me deixar falar na tua alma".
O Beato Carmelita Pe. Tito Brandsma escreve sobre o recolhimento: "Um ponto a que a Regra dá especial relevo é o silêncio e o recolhimento como condição necessária de uma vida de oração. O recolhimento activo, isto é: o acto de nos colocarmos na presença de Deus para aí permanecer, foi encarado desde sempre como preparação essencial à união com Deus na vida mística. Tal como o profeta não ouviu a voz de Deus na tempestade mas numa ligeira brisa, assim também o coração do homem não deve ser sacudido pela ventania, mas deve escutar a voz de Deus no silêncio do seu interior. As Constituições da nossa Ordem sempre frisaram isto. A recuperação do recolhimento interior tem sido sempre o primeiro passo para qualquer reforma" (Esboços históricos do Carmelo, L.2: Os eremitas do Carmelo).
Um pregador de retiros costumava perguntar aos participantes se tinham problemas com a meditação. A reacção dos ouvintes, muitos dos quais abanavam a cabeça ou levantavam a mão, confirmou isto plenamente. A seguir perguntava-lhes quantos deles tinham dificuldades com as distracções. Olha que isto é aparentemente uma praga geral, pois nem todos recebem a graça do recolhimento na mesma medida como São Luís de Gonzaga que a essa pergunta, feita no fim do noviciado, respondeu: "Todas as distracções do ano inteiro nem chegam a encher o tempo em que se reza uma única Ave Maria!"
Então o padre, gracejando, dirigiu-se ao grupo e disse: "Dizem que têm problemas com a meditação e que as distracções vêm a cada momento. Não sabem que em si cada distracção é uma 'pequena meditação'? "Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt 6,21). As distracções são uma perda de silêncio e vêm sobretudo da falta de pobreza e de desapego. Em geral giram em torno de coisas que possuímos e de que queremos gozar ou que receamos perder.



SILÊNCIO E JUSTIÇA

A falta mais comum contra a justiça, que é murmurar dos outros, poderia evitar-se por um silêncio discreto. Como são verdadeiras as palavras do poeta: O único instrumento que pelo uso se afia cada vez mais é a língua! "A boca do justo é uma fonte de vida, porém, a do ímpio esconde a violência. ... Com a sua língua o ímpio arruína o seu próximo" (Pr 10,11; 11,9). O Padre do deserto Hyoperrechios afirmou o seguinte: "É melhor comer carne e beber vinho do que comer a carne dos irmãos através das calúnias" (Apophtegmata, Nº 921). São Francisco de Sales escreve: "A inquietação, o desprezo do próximo e o orgulho são inseparáveis do juízo temerário; e, entre os muitos outros efeitos perniciosos que deles originam, ocupa o primeiro lugar a maledicência que é a peste das conversas e palestras. Oh! quisera ter uma daquelas brasas do altar sagrado para purificar os homens de suas iniquidades, à imitação do serafim que purificou a Isaías das suas, para torná-lo digno de pregar a palavra de Deus (Is 6,6ss). Certamente, se fosse possível tirar a maledicência do mundo, exterminar-se-ia uma boa parte dos pecados.
Quem tira injustamente a boa fama ao próximo, além do pecado que comete, está obrigado à restituição inteira e proporcionada à natureza, qualidade e circunstâncias da detracção, porque ninguém pode entrar no céu com os bens alheios, e entre os bens exteriores a fama e a honra são os mais preciosos e os mais caros. … A maledicência é uma espécie de assassínio. ... São Bernardo diz, por isso, que os que cometem a maledicência e os que a escutam, têm o demónio no corpo, aqueles na língua e estes no ouvido…" (Introdução à Vida Devota, vol. 3, cap. 29)
Por outro lado pode acontecer que a justiça exija que chamemos as coisas pelo seu nome. Então o silêncio seria falso e até pecaminoso: "… só se devem repreender os vícios do próximo, se disso provier alguma utilidade para aquele de quem se fala ou para aqueles com quem se fala. Refere-se, por exemplo, em presença de jovens que tais e tais pessoas vivem numa familiaridade perigosa e indiscreta, que certo jovem é muito dissoluto em palavras ou em outros modos contrários ao pudor. Pois bem! Se não repreendo francamente este modo de vida, se o quero desculpar, aquelas almas frágeis dos meus ouvintes, tomarão ensejo para fazer o mesmo. É, pois, muito útil que repreenda imediatamente o que se disse, a não ser que o deixe para fazer numa outra ocasião mais propícia, em que sofra menos a reputação das pessoas mencionadas" (ibid.).



SILÊNCIO E FORTALEZA

A fortaleza, a coragem, ajudar-nos-á quando tivermos de enfrentar a morte. No dia a dia, a sua presença faz-se sentir através das suas "filhas": a paciência, a mansidão, a constância etc. O exercício do silêncio interior diante das eventuais faltas de carácter dos nossos próximos é um desafio à nossa paciência e constância na caridade. O silêncio exterior não basta para a virtude; devemos alcançar o silêncio do coração. A paciência e a mansidão não podem existir sem o santo silêncio. Eis uma advertência de Santa Catarina de Sena: "Saibam que na alma a Divina Caridade está tão estreitamente ligada à paciência perfeita, que é impossível uma das duas andar sem a outra" (Diálogo da Divina Providência). O Padre do deserto, Hyoperrechios, afirma categoricamente: "Quem num momento de cólera não dominar a língua, tão pouco vencerá as demais paixões" (Apophthegmata 921). E outro, Poemen, observa: "Há um homem que aparentemente se cala enquanto o seu coração condena os outros. Na realidade ele fala sem interrupção" (ibid. 601). Por isso aconselha: "O triunfo sobre toda e qualquer praga que te cai em cima, é o silêncio" (ibid. 611). É assim porque o santo silêncio vela sobre a santa paz do coração.


SILÊNCIO E TEMPERANÇA

Por natureza somos muito inclinados a procurar o prazer, e particularmente o bom paladar. No entanto, maior do que o apetite para comer e beber é o apetite para falar. Pois o ventre, mesmo o do insensato, enche-se depressa, mas a sua boca não se cansa de falar. "No muito falar não faltará pecado, ... , e a boca dos insensatos apascenta-se de loucura" (Pr 10,19; 15,14).
O Padre do deserto, Sisões, confessa: "Eis que há trinta anos que já não rezo a Deus por causa de um pecado determinado, mas peço pelo seguinte: 'Senhor Jesus, defendei-me da minha língua', e apesar disso ela até hoje faz-me cair e pecar todos os dias" (Apophthegmata 808).
Enquanto foi bom para os Padres do deserto, nos seus eremitérios, praticarem um silêncio quase ininterrupto, nisto eles não podem ser o modelo para nós que vivemos numa família ou numa comunidade. São Francisco de Sales ensina-nos a medida certa no falar: "A regra de falar pouco, que os antigos sábios tanto recomendavam, não se toma no sentido de dizer poucas palavras mas no de não dizer muitas inúteis, não quanto à quantidade, mas quanto à qualidade. Sim, evitar as inúteis. Dois extremos me parece que devem ser evitados cuidadosamente. O primeiro consiste em assumir, nas conversas de que se participa, um ar orgulhoso e austero, dum silêncio afectado, manifestando desconfiança ou desprezo. O segundo consiste em falar demais, sem deixar ao interlocutor nem tempo nem ocasião de dizer algumas palavras, o que deixa transparecer um espírito presunçoso e leviano" (op.cit.cap.30).



A curiosidade

O desejo de saber novidades é insaciável! Cohelet falava certamente da curiosidade quando escreveu: "Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche. ... A vista não se sacia com o que vê, nem o ouvido se contenta com o que ouve" (Ecl 1,7; 8b). Quem constantemente devorar jornais e revistas, ouvir rádio e vir televisão, nunca encontrará descanso. Também os jogos no computador e a Internet pertencem igualmente a esta categoria. As investigações mais recentes provam que p.ex. os jovens americanos, que antes de disporem destas novas possibilidades já passavam em média cinco horas por dia só diante da televisão, agora gastam ainda mais tempo com este género de divertimento.


O silêncio falso por ter vergonha

No campo da moderação encontramos também um silêncio falso que nos serve para esconder a vergonha que sentimos. São Francisco de Sales dá este conselho: "O grande meio de vencer todas as tentações, grandes e pequenas, é abrir o coração a um director espiritual, pondo-o a par das sugestões do inimigo e das impressões que deixam. O silêncio é, pois, a primeira condição que o inimigo impõe àquele que quer seduzir, à semelhança do libertino que, querendo seduzir uma mulher ou uma moça, antes de tudo lhe sugere ocultar tudo a seu marido ou a seu pai; conduta do demónio, inteiramente oposta à de Deus, que quer que até as suas inspirações sejam examinadas pelo confessor e pelos superiores" (op. cit. vol. 4, cap. 7).


A música

Na sociedade moderna, a música, que é 'omnipresente' e muitas vezes má, é um perigo principal. Quem pensa que o problema principal está nos textos das canções, engana-se. É verdade que muitas vezes são maus, mas porque normalmente o volume tão alto do som faz com que as palavras quase não se compreendam, isto não seria o mal maior. O perigo principal está na própria música, i.e. no tipo da música que as pessoas escutam e que de facto é sedutor. A razão é esta: Pertence à essência de todas as formas de arte imitar a natureza. Uma verdadeira obra de arte conhece-se pela bela representação do original da natureza. Se tais obras são harmoniosas em todos os aspectos, nós achamo-las formosas e atraentes. Isto vê-se facilmente na pintura, na escultura e na talha.
Se as pessoas gostarem de obras feias, temos nisso um sinal claro de decadência moral. Inconscientemente (como consequência do pecado), o homem encontra em si mesmo a fealdade, e então acha que a arte representa isto muito 'bem'. Neste sentido muitas obras modernas são uma verdadeira revelação do que são os seus autores (cf. João Paulo II, Carta aos artistas, 2), porque representam realmente a caducidade que o artista encontra no seu modelo: a sociedade desenfreada. Mas o artista não é uma simples máquina fotográfica; tem uma missão dentro da sociedade: representar a beleza que é por assim dizer a expressão visível do que é bom (cf ibid, 3), e contribuir deste modo para a edificação dos que a contemplam.
Com a música é diferente, porque ela não imita qualquer realidade exterior mas, sim, as paixões e emoções interiores da alma. A música comove e mexe com os sentimentos. Sabemos que não é necessário dizer a uma criança se a música que está a ouvir é alegre ou triste. Nas canções, a música transmite a própria mensagem, e não as palavras. Os sentimentos da nossa alma são as cordas em que essa mensagem ressoa.
As actuais formas de música querem incitar à sensualidade e entorpecer a alma, de modo que as paixões cheguem a dominar cada vez mais a razão e a vontade. Quem compreende isto, vê e percebe logo que é absurdo falar de 'Rock' como música cristã: ainda que o texto seja piedoso, a música de fundo influencia permanente e cada vez mais insistentemente as sensações sensuais do coração.
Contra este género de música, o silêncio é o único remédio eficaz: não a escute! Até com a música boa devemos praticar a temperança.
Melhor é a música sacra, na qual o conteúdo espiritual do texto é realmente acompanhado da música, de modo que não só cremos em Deus e a Ele aderimos, mas vamos crendo mais firmemente e amá-Lo-emos de todo o coração. Também a música sacra se serve dos sentimentos, mas, sob a nobre orientação da inteligência e da vontade, sabe integrá-los em ordem harmoniosa na vida da alma. Nesta integridade bem ordenada, o homem terá mais facilidade para vencer os obstáculos no caminho da sua vida. Está aberto à beleza e à alegria na vida moral e espiritual, orientando tudo para a meta suprema.



CONCLUSÃO

Já ouvimos as palavras do Beato Tito Brandsma: "A recuperação do recolhimento interior já foi sempre o primeiro passo para cada reforma". A situação geral de decadência, de dispersão e dissolução no cristianismo dos nossos tempos reduz-se mais à perda do silêncio e da interioridade do que a quaisquer pecados, porque a perda do silêncio é a origem do espírito mundano, em que quase todos os pecados têm a sua raiz.
Os passos que levaram a esta situação catastrófica, não foram em si pecados graves mas o efeito global da falta de prudência, pela qual a caridade se arrefeceu e os homens começaram a não usar os meios como tais, mas a fazer dos prazeres o alvo da sua vida.
Quem quiser cultivar uma profunda amizade com os santos Anjos, tem de praticar o silêncio. No início é difícil, porque parece que se perde tanta coisa. No fim, porém, haverá alegria porque o silêncio nos abre para os verdadeiros dons com que nos presenteia a caridade Divina.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

VIRTUDES TEOLOGAIS

As virtudes teologais e os santos Anjos

Cada verdadeiro crescimento na vida espiritual vem de um regresso aos seus princípios essenciais, vividos no dia a dia com amor coerente. O crescimento na vida espiritual significa um aumento da fé, da esperança e da caridade (as chamadas virtudes teologais). Isto manifesta-se num fervor crescente na oração e na prática das virtudes.Em relação à nossa vida espiritual, a tarefa dos Anjos consiste em exortar-nos e ajudar-nos a darmos a DEUS, com a Sua graça, a resposta certa, e em defender-nos do inimigo, sobretudo das suas ciladas subtis.
Porém, o que torna a vida espiritual tão difícil é que a  consiste em estar-se convencido da verdade divina, enquanto a razão permanece na escuridão. Quanto mais crescermos na , tanto mais nos abandonaremos a DEUS que nos guia nesta "escuridão", porque a  é estar convencido das coisas que não se vêem (cf. Carta aos Hebreus 11,1). Isto exige muitas vezes a renúncia ao nosso próprio conhecimento natural, que nos parece ser tão claro e lúcido. São João da Cruz mostra-nos que o abandono a DEUS se vai tornando cada vez mais difícil, porque as provações são cada vez mais duras, mais exigentes. Além disso, a infusão da luz divina na alma é um processo muito doloroso de purificação. A  e a fidelidade a DEUS são as primeiras características dos Santos Anjos, porque só pela humildade da  puderam, em união com São Miguel, permanecer fiéis a DEUS.
esperança aspira a um bem muito grande, até mesmo infinito: a visão beatífica na união de amor com DEUS. Mas no caminho para esta união, a dada altura depara-se com a Cruz. Além disso a alma, consciente da sua indignidade, sofre muitas vezes com pensamentos como este: "Quem sou eu para que DEUS possa ter-me tão grande amor?" Quanto mais DEUS estimula esta união, purificando a alma cada vez mais, tanto mais lhe parecerá, a ela, que Ele é antes o seu inimigo, e a própria miséria, que se manifesta, ameaça esmagá-la (cf. S. João da Cruz, Noite escura, II,6).
esperança dos Anjos, durante a sua provação, estava totalmente posta na bondade divina, visto que a escuridão desta mesma provação parecia ter malogrado todas as suas esperanças e expectativas naturais. Tal como Abraão, eles deviam esperar contra toda a esperança, com  e confiança, na bondade de DEUS. Consideremos esta loucura: o sacrifício do filho de Abraão trouxe em si o germe da esperança, precisamente porque era uma prefiguração do sacrifício redentor do FILHO de DEUS.São Gabriel trouxe este mistério da esperança universal, quando veio anunciar a MARIA a Encarnação do FILHO de DEUS.
O fruto do amor é a união, e todos os homens têm a ânsia desta felicidade. Mas o amor de Nosso Senhor leva a alma à solidão e exige a abnegação: Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo aborrece a sua vida conservá-la-á para a vida eterna (Jo 12,25).
Na sua provação, os Anjos tinham que 'morrer' misticamente, porque DEUS lhes deu a conhecer que seria dada preferência aos homens, embora estes, por natureza, estejam muito abaixo dos Anjos. O plano salvífico de DEUS concentra-se principalmente na salvação do homem, plano que seria realizado pelo VERBO Encarnado do PAI, a Quem os Anjos também reconhecem como sua Cabeça (cf. Ef 1,20ss; Col 1,16ss). O amor de preferência que DEUS tem pelo homem é a base de toda a economia da salvação (cf. Heb 2,16; João Paulo II, audiência geral de 9 de Julho 1986).
Foi este pensamento que acendeu no maligno uma raiva fortíssima, o ódio e a inveja contra a humanidade. Mas os Anjos que amorosamente se sujeitaram a este plano divino, foram confirmados em graça, elevados à glória e tornaram-se participantes do plano divino, "tanto que nalguns momentos os vemos realizar tarefas fundamentais em nome de DEUS mesmo" (João Paulo II, ibid.). Na sua provação os Anjos aceitaram a 'cruz' do amor insondável de DEUS, e a sua recompensa foi a glória celeste e uma profunda caridade para com os homens. São Rafael é um exemplo maravilhoso deste grande amor que o Anjo tem aos homens (Cf. o livro de Tobias).