JESUS, EU CONFIO EN VÓS

Somo Servos da Misericórdia Divina.

O que é extraordinário, nos textos e mensagens entre Jesus e a Irmã Faustina, é que em qualquer dos textos citados podemos identificar-nos com a Irmã Faustina, como se estas mensagens estejam diretamente dirigidas a cada um de nós. A alma que tem sede de Deus, e por ter procurado uma intimidade com Ele, mas sem saber como a alcançar, está agora em plena consciência, enquanto anteriormente não distinguia claramente a Sua voz, nem compreendia a Sua mensagem, a partir da leitura das declarações de Jesus e suas interpretações da Irmã Faustina, o véu abriu-se e agora tudo ficou transparente e nítido.

Estas mensagens, que nos foram dirigidas, ao longo de toda a nossa vida, ganharam sentido, ultrapassando a barreira do tempo e agora disponíveis e compreensíveis para todos aqueles que o desejam, em comunhão com os Santos e a Santa Igreja, pela graça da Misericórdia Divina.


Diariamente, colocaremos citações da obra de Santa Faustina, ou de outros autores que também receberam graças muito especiais, que o ajudará, com certeza, na sua meditação diária.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Virgindade Perpétua de Maria

                                         Escritos de São Jerónimo – Capítulos 1 e 2


         Acabei de encontrar aqui uma relíquia da fé católica que precisa ser digerida aos poucos. Estes escritos que tem cerca de 26 partes ou capítulos, foram redigidos por São Jerônimo, aquele mesmo que gastou boa parte da sua vida traduzindo a Bíblia para o latim. Este tratado que vamos publicando aos poucos a partir de agora, surgiu por volta do ano 383 dC, quando Jerônimo e Helvídio se encontravam em Roma, no tempo do papa Dâmaso.
A questão deste tratado era o seguinte: teria a Mãe de Nosso Senhor permanecido virgem após o nascimento de seu Filho? Helvídio afirmava que os Evangelhos mencionando os irmãos e irmãs do Senhor provavam que Maria teria tido outros filhos, baseando sua opinião nos escritos de Tertuliano e Vitorino. Com sabedoria, São Jerônimo vai rebatendo as teorias de Helvídio. Repito: Vamos mostrar este texto e capítulos. Sei que muitos de vocês ficarão com água na boca. Mas vale a pena ler este texto aos poucos, estudando cada capítulo postado e aproveitando para analisar a forma com que este grande santo em defende a Igreja de Cristo.
E fica uma pergunta: Se o homem que traduziu a bíblia para o latim defende biblicamente Nossa Senhora, como nossos queridos irmãos protestantes ousar usar da palavra de Deus para atacá-la?
Introdução – Capítulo 1
Há algum tempo, recebi o pedido de alguns irmãos para responder a um panfleto escrito por um tal Helvídio. Demorei para fazê-lo, não porque fosse tarefa difícil defender a verdade e refutar um ignorante sem cultura, que dificilmente tomou contato com os primeiros graus do saber, mas porque fiquei preocupado em oferecer uma resposta digna, que desmoronasse os seus argumentos.
Havia ainda a preocupação de que um discípulo confuso (o único sujeito do mundo que se considera clérigo e leigo; único também, como se diz, que pensa que a eloqüência consiste na tagarelice, e que falar mal de alguém torna o testemunho de boa fé) poderia passar a blasfemar ainda mais, caso lhe fosse dada outra oportunidade para discutir. Ele, então, como se estivesse sobre um pedestal, passaria a espalhar suas opiniões em todos os lugares.
Também temia que, quando caísse na realidade, passasse a atacar seus adversários de forma ainda mais ofensiva.
Mas, mesmo que eu achasse justos todos esses motivos para guardar silêncio, muito mais justamente deixaram de me influenciar a partir do instante em que um escândalo foi instaurado entre os irmãos, que passaram a acreditar nesse falatório. O machado do Evangelho deve agora cortar pela raiz essa árvore estéril, e tanto ela quanto suas folhagens sem frutos devem ser atiradas no fogo, de tal maneira que Helvídio – que jamais aprendeu a falar – possa aprender, finalmente, a controlar a sua língua.
Capítulo 2
Invoco o Espírito Santo para que Ele possa se expressar através da minha boca e, assim, defenda a virgindade da bem-aventurada Maria. Invoco o Senhor Jesus para que proteja o santíssimo ventre no qual permaneceu por aproximadamente dez meses, sem quaisquer suspeitas de colaboração de natureza sexual. Rogo também a Deus Pai para que demonstre que a mãe de Seu Filho – que se tornou mãe antes de se casar – permaneceu Virgem ainda após o nascimento de seu Filho.
Não desejamos entrar no campo da eloqüência, nem usar de armadilhas lógicas ou dos subterfúgios de Aristóteles. Usaremos as reais palavras da Escritura; [Helvídio] será refutado pelas mesmas provas que empregou contra nós, para que possa ver que lhe foi possível ler conforme está escrito, e, ainda assim, foi incapaz de perceber a conclusão de uma fé sólida.
Continua…
( Tradução: José Fernandes Vidal e Carlos Martins Nabeto – Central de Obras do Cristianismo Primitivo)

Nenhum ser Humano estava mais próximo a Jesus do que a Virgem Maria


Ela o levou em seu ventre e o deu ao mundo. Ela deu os seus traços ao Filho; Ele devia se parecer com ela. Ela o amava como a mãe ama um filho, seu primogénito, seu único filho. Ela foi sua preceptora e foi ela quem lhe ensinou as magníficas orações de Israel.


Um dia, certa mulher levantou a voz do meio da multidão e disse a Jesus: "Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram" (Lc 11, 27). Este louvor é, igualmente, o louvor da Igreja; e é, também, o nosso louvor.

Mas se Maria foi a preceptora de Jesus, Este, por misterioso retorno dos fatos, foi o Seu Mestre. Ela se aprofundou em sua escola, ouvindo suas palavras, observando e guardando seus gestos e ações, guardando tudo em seu coração e meditando sobre o que vivia profundamente dentro de si, no âmago, na alma. Ela foi a primeira e, também, a melhor cristã e mereceu, verdadeiramente, a Palavra de Seu Filho: "Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11, 28). "  


Monsenhor Jean-Paul Vincent (ex-bispo de Bayonne)

Homilia de 15 de agosto de 1972, em Le Puy-en-VelayFonte: UM MINUTO COM MARAI



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O MÉTODO PARA REZAR CORRETAMENTE


Vamos agora falar do método para rezar corretamente, necessário para a arte de viver corretamente e, por consequência, morrer corretamente. Comecemos pelo que diz o Senhor: Pedi e se vos dará. Buscai e achareis (Mt 7,7). São Tiago, em sua epístola, explica que a frase deve ser compreendida com uma condição: se nós pedirmos propriamente: Pedis e não recebeis, porque pedis mal (Tg 4,3). Devemos entender da seguinte maneira: aquele que pedir os dons para viver de maneira justa, sem dúvida será atendido; e aquele que pedir por perseverança na vida até a sua morte, e pedir por uma morte feliz, também com certeza obterá. Portanto, nós explicaremos as condições da oração, para que saibamos rezar bem, viver bem e morrer bem.


A primeira condição é a fé, de acordo com as palavras do apóstolo:Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? (Rm 10,14a), com as quais São Tiago concorda: mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação (Tg 1,6a). Mas a necessidade de fé não deve ser entendida como se fosse importante acreditar que Deus deva certamente atender ao que é pedido, pois neste caso nossa fé seria provada falsa e então não obteríamos nada. Devemos acreditar que Deus é mais poderoso, mais sábio e mais digno de fé; e que Ele sabe, que tem poder e está preparado para atender nossos pedidos, se entendê-lo apropriado e útil para nós, receberemos o que pedimos. Esta fé Cristo pediu aos dois homens cegos que curou: Credes que eu posso fazer isso? (Mt 9, 28) Com a mesma fé Davi rezou pelo seu filho adoentado, como provam suas palavras, pois ele acreditava não ser seguro que Deus atenderia suas preces, mas que somente Deus seria capaz de conceder tal graça: Quem sabe, talvez o Senhor terá pena de mim e o menino ficará bom? (2Sm 12,22) Disto não se pode duvidar. Com a mesma fé o apóstolo Paulo rezou para se livrar de um "espinho na carne". Pois o apóstolo rezou com fé, e sua fé não era falsa se ele acreditava que Deus poderia lhe conceder a cura que pedia, embora não tenha obtido o que pedia. E com a mesma fé a Igreja pede por todos heréticos, pagãos, cismáticos e maus cristãos que possam ser converter, e, no entanto, é certo que nem todos se converterão.

Outra condição muito necessária para rezar é a esperança. Pois ainda que pela fé, que é conseqüência da compreensão, nós não acreditemos que Deus atenderá nossos pedidos; pela esperança, que é um ato de desejo, podemos firmemente nos apoiar na bondade divina e termos confiança que Deus poderá nos atender. Esta condição Deus requer do paralítico, para quem diz: Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados (Mt 9,2). O mesmo pede o apóstolo para todos, quando diz: Aproximemo-nos, pois, confiantemente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno (Heb 4,16). E muito antes dele, o profeta apresenta Deus, falando: Quando me invocar, eu o atenderei; na tribulação estarei com ele (Sl 90,15). Mas como a esperança brota da fé perfeita, quando a Escritura requer fé nas grandes coisas, ela acrescenta algo sobre esperança. Assim lemos em São Marcos: Em verdade vos declaro: todo o que disser a este monte: Levanta-te e lança-te ao mar, se não duvidar no seu coração, mas acreditar que sucederá tudo o que disser, obterá esse milagre (Mc 11,23). Que a fé produz confiança, podemos entender destas palavras do apóstolo: mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas (1Co 13,2b). João Cassiano escreve em seu Tratado sobre a Oração que um sinal certo que nossos pedidos serão atendidos, ocorre quando em oração, nós não duvidamos que Deus certamente nos atenderá, e não hesitamos de nenhuma maneira, mas derramos nossas orações com alegria espiritual.

A terceira condição é a caridade, pela qual nos libertamos dos pecados; pois os amigos de Deus obtém os seus dons. Assim fala Davi em um Salmo: Os olhos do Senhor estão voltados para os justos, e seus ouvidos atentos aos seus clamores (Sl 33,15). e em outro:Se eu intentasse no coração o mal, não me teria ouvido o Senhor (Sl 65, 18).  E no Novo Testamento, o Senhor mesmo confirma: Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito (Jo 15,7). E o amado discípulo fala: Caríssimos, se a nossa consciência nada nos censura, temos confiança diante de Deus, e tudo o que lhe pedirmos, receberemos dele porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável a seus olhos (1Jo 3,21-22).

Isto não é contrário à doutrina. Quando o publicano suplica por perdão de seus pecados, ele retorna para casa "justificado"; pois um pecador arrependido não obtém perdão por ser pecador, mas por estar arrependido; pois como pecador ele é inimigo de Deus; como penitente, amigo de Deus. Aquele que peca, desagrada a Deus; mas quem se arrepende de seus pecados, faz o que mais agrada ao Senhor.

A quarta condição é a humildade, pela qual o suplicante, confia não em sua própria justiça, mas na bondade de Deus: Fui eu quem fez o universo, e tudo me pertence, declara o Senhor. É o angustiado que atrai meus olhares, o coração contrito que teme minha palavra(Is 66,2). E o Livro do Eclesiástico acrescenta: A oração do humilde penetra as nuvens; ele não se consolará, enquanto ela não chegar (a Deus), e não se afastará, enquanto o Altíssimo não puser nela os olhos (Eclo 35,21).

A quinta condição é a devoção, pela qual não devemos rezar de maneira negligente, como muitos costumam fazer, mas com atenção, sinceridade, diligência e fervor. Nosso Senhor severamente adverte aqueles que rezam apenas com os lábios. Assim Ele nos fala em Isaias: O Senhor disse: Esse povo vem a mim apenas com palavras e me honra só com os lábios, enquanto seu coração está longe de mim (Is 29, 13). Esta virtude é fruto de uma fé viva e consiste não apenas no hábito de orar, mas na ação. Para aqueles que com fé firme e atenção consideram a grandeza de Sua Majestade Nosso Senhor, quão grande é nossa insignificância, e como são importantes nossos pedidos, não pode fazer diferente que rezar com grande humildade, reverência, devoção e fervor.

Aqui devemos acrescentar o testemunho importante de dois santos padres. São Jerônimo escreve: começo pela oração: não devo orar se não acreditar; mas se eu tiver fé verdadeira, este coração, que Deus vê, posso limpá-lo; posso bater no peito, posso molhar minhas faces com minhas lágrimas, posso negligenciar toda atenção ao meu corpo e tornar-me fraco; posso me jogar aos pés do meu Senhor, molhá-los com minhas lágrimas e secá-los com meus cabelos; me apoiar na cruz, e não abandoná-la enquanto não obtiver misericórdia. Porém mais frequentemente durante minhas orações encontro-me caminhando pela cidade e sendo levado por pensamentos maus, entretenho-me em coisas das quais me envergonho de falar. Onde está nossa fé? Supomos que Jonas rezou assim? Os três jovens? Daniel na cova dos leões? Ou o bom ladrão na cruz?

São Bernardo, no seu Sermão sobre os Quatro Métodos da Oração, escreve: sobretudo nos impele, durante o tempo de oração, entrar no quarto celestial, no qual o Rei dos Reis encontra-se sentado em seu trono, cercado por inumerável e glorioso exército de almas abençoadas. Com tal reverência, tal temor, tal humildade, nos aproximamos com pó e cinzas, nós que não somos nada além de pequenos insetos rastejantes. Com tal temor, seriedade, atenção e solicitude deve tão miserável homem estar próximo da divina majestade, na presença de anjos, na assembleia dos justos? Em todas nossas ações temos necessidade de vigilância, especialmente na oração.

A sexta condição é a perseverança, que nosso Senhor em duas parábolas recomenda: uma sobre o amigo importuno que pede dois pães em um horário inconveniente, no meio da noite, e recebe pela sua perseverança (Lc 11,5-8); outra sobre a viúva que pede sem esmorecer para que o juiz a livre de seu adversário; e o juiz, embora sendo iníquo, homem que não temia nem Deus nem os homens, sobrepujado pela perseverança da mulher, livrou-a de seu inimigo. Destes exemplos o Senhor conclui, que muito mais perseverantes devemos ser na oração a Deus, porque ele é justo e misericordioso. E São Tiago completa: Deus concede generosamente a todos, sem recriminações (Tg 1,5). Ou seja, ele concede seus dons liberalmente a todos que pedem, e "sem recriminações" por serem inoportunos, pois Deus não tem limites em suas riquezas nem em sua misericórdia. 

-- Do Livro "A Arte de Morrer Bem", de São Roberto Belarmino, bispo (século XVIII)
 FONTE: Tesouras da Igreja Católica


SÃO VICENTE DE PAULO


O corpo incorrupto de São Vicente de Paulo
Jesus, Nosso Senhor, espera que tenhamos a simplicidade de uma pomba (cf. Mt 10,16). Isto significa dar uma opinião clara sobre as coisas que honestamente vemos, sem reservas desnecessárias. Também significa fazer as coisas sem segundas intenções ou manipulações, tendo nossas idéais focadas somente em Deus. Cada um de nós, então, deve cuidar de agir sempre com espírito de simplicidade, lembrando que Deus gosta de lidar com os simples, que Ele esconde os segredos dos céus dos espertos deste mundo e revela-os aos pequeninos. 

Mas enquanto Cristo recomenda a simplicidade das pombas, também fala sobre a prudência da serpente. Isto significa que devemos falar e agir com discrição. Devemos, portanto, mantermo-nos calados sobre assuntos que não devem discutidos, especialmente se contrários à lei ou ao desejo de Deus. Mesmo quando estamos discutindo assuntos que são bons e próprios, devemos esconder detalhes que não sejam para a glória de Deus, ou que possam prejudicar outras pessoas, ou que as possam fazê-las de bobo.

Na prática, a virtude é escolher a maneira correta de fazer as coisas. Devemos fazer tudo a partir de um princípio sagrado, pois estamos sempre trabalhando para Deus, escolher a maneira de Deus de desempenhar nossas tarefas, ver e julgar tudo não com a inteligência do mundo e muito menos de acordo com a nossa razão.

De São Vicente de Paulo, presbítero (século XVII), cuja festa liturgica é 27 de Setembro.
FONTE: http://tesourosdaigrejacatolica.blogspot.pt/

AVE MARIA ....

A melodia dos predestinados, o cântico do Novo Testamento...



A Ave Maria bem rezada, isto é, rezada com atenção, devoção e modéstia, segundo os santos, é a adversária que põe o demónio em fuga, e é o martelo que o esmaga. É a santificação da alma, a alegria dos anjos, a melodia dos predestinados, o cântico do Novo Testamento, o prazer de Maria e a glória da Santíssima Trindade.

A Ave Maria é um orvalho do Céu, que torna a alma fecunda; é um beijo puro e amoroso que se dá a Maria; é uma rosa vermelha que se lhe apresenta.

É uma pérola preciosa que se lhe oferece, é um pouco de ambrósia e de néctar divino que se lhe dá.


Todas estas comparações foram elaboradas pelos santos.

São Grignon de Montfort. 
Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, § 253
Fonte: UM MINUTO COM MARIA


terça-feira, 24 de setembro de 2013

PADRE PIO


Ela era virgem, não só no corpo, mas no espírito

O que existe de mais nobre do que a Mãe de Deus? O que existe de mais admirável, de mais esplêndido do que aquela que escolheu o esplendor? O que existe de mais casto do que aquela que gerou o corpo, sem qualquer mácula corporal?

E o que dizer de suas outras virtudes? Ela era virgem, não somente no corpo, mas era virgem no espírito, igualmente; as astúcias do pecado jamais alteraram sua pureza: humilde de coração, refletida em propósitos, prudente, parcimoniosa em palavras, ávida de leitura; ela colocava a sua esperança, não na incerteza de suas riquezas, mas na oração dos pobres; aplicada à obra, reservada, tinha, como juiz de sua alma, não o homem, mas Deus; sem jamais ferir, indulgente com todos, tinha considerável respeito aos idosos, sem qualquer ciúme daqueles de sua idade, evitava a jactância, seguia a razão, amava a virtude.

Como, então, teria ofendido seus pais, mantendo tais atitudes? Quando teria sido vista em desacordo com o seu próximo? Quando teria tratado o humilde com desprezo, quando teria escarnecido dos fracos ou evitado os miseráveis?



Santo Ambrósio (339-397) 
Trecho de De Virginibus dedicado, em 377,
 
por Santo Ambrósio à sua irmã Marcelina, religiosa em Roma.
 
P.L., 16, col. 209 e ss. (Tradução de Mlle Mestivier).
 
Fonte: UM MINUTO COM MARIA

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

“Vós não hesitastes e eu não posso hesitar”

O Papa iniciou a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, 2013, com Maria, visitando o Santuário brasileiro de Nossa Senhora Aparecida, o maior santuário mariano do mundo. Dentro da Capela dos Apóstolos, o Pontífice venerou a imagem de nossa senhora Aparecida e recitou a oração abaixo, à Virgem, em Português:

“Vós não hesitastes e eu não posso hesitar, (...) eu abraço a minha missão e em vossas mãos coloco a minha vida... E vamos, vós, Mãe, e eu, filho, caminhar juntos, pensar juntos, lutar juntos, vencer juntos (...). Acolhei e santificai a juventude... Finalmente, Mãe, permanecei aqui conosco, estai sempre ao nosso lado, acompanhai a família dos fiéis, especialmente quando a cruz mais nos pesar... sustentai a nossa esperança e a nossa  fé. (...)”

Depois de celebrar a santa Missa na Basílica, cercado pelos bispos da região, o papa fez uma oração a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, consagrando o seu pontificado à Virgem.

“Ó Maria Santíssima, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis; consagro-vos a minha língua para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, depois de Deus, ele vos ame sobre todas as coisas.”


Papa Francisco (trechos), 
Aparecida, 24 de julho de 2013
 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A raiz de todos os males é a cobiça do dinheiro

Esta mensagem tem 2000 anos e continua nos nossos dias como uma explicação da origem da crise social e económica com estamos a atravessar de novo. Eis o texto desta mensagem:

Caríssimo: 2Ensina e recomenda estas coisas. 3Quem ensina doutrinas estranhas e discorda das palavras salutares de Nosso Senhor Jesus Cristo e da doutrina conforme à piedade, 4é um obcecado pelo orgulho, um ignorante que morbidamente se compraz em questões e discussões de palavras. Daí é que nascem invejas, contendas, insultos, suspeitas, 5porfias de homens com mente corrompida e privados da verdade que fazem da piedade assunto de lucro. 6Sem dúvida, grande fonte de lucro é a piedade, mas quando acompanhada do espírito de desprendimento. 7Porque nada trouxemos ao mundo como tampouco nada poderemos levar. 8Tendo alimento e vestuário, fiquemos satisfeitos.9Os que desejam enriquecer, caem em tentação e armadilhas, em muitos desejos loucos e perniciosos que afundam os homens na perdição e na ruína. 10A raiz de todos os males é a cobiça do dinheiro. Por se terem deixado levar por ela, muitos se extraviaram da fé e se atormentam a sim mesmos com muitos sofrimentos. 11Tu que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão. 12Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e pela qual fizeste tua nobre profissão de fé diante de muitas testemunhas. 

Primeira carta de São Paulo a Timóteo: Timóteo 6, 2-12)


POR MEIO DAS MAOS DE MARIA

Nenhuma criatura recebe graças a não ser por meio de suas mãos


Isolar Maria do apostolado seria ignorar uma das partes essenciais do Plano Divino. "Todos os predestinados, diz Santo Agostinho, estão, neste mundo, abrigados no seio da Santíssima Virgem onde se encontram bem guardados, alimentados, mantidos, crescendo sob a proteção desta boa Mãe, até que ela lhes dê à luz para a glória, após a morte".

Desde a Encarnação, conclui, com razão, São Bernardino de Sena, Maria adquiriu uma espécie de jurisdição sobre toda a missão temporal do Espírito Santo, de modo que nenhuma criatura receba graças a não ser por meio de suas mãos.

Mas, por sua vez, o verdadeiro devoto de Maria torna-se todo poderoso no coração de sua Mãe. Portanto, que apóstolo poderia duvidar da eficácia do seu ministério, do seu apostolado, certo de que, por meio da sua devoção, disponha do favor da Poderosíssima Virgem Maria, toda poderosa sobre o Sangue Redentor.


Dom J.B. Chautard 
Trecho de A Alma de todo Apostolado.
 
Edição: P. Téqui / Em. Vitte, 1920
 

domingo, 15 de setembro de 2013

SANTÍSSIMO NOME DE JESUS


"Este nome tem mais virtude do que todos os nomes dos Santos para confortar os débeis, curar os enfermos, iluminar os cegos, abrandar os corações endurecidos, fortificar os que combatem, dar ânimo aos cansados
e derrubar o poderio dos demônios"
O nome de Maria é como um bálsamo que corre agradavelmente sobre os membros dos enfermos e os penetra com eficácia. Ele é semelhante a este óleo que, por suas unções, reanima e suaviza, dá força, flexibilidade e saúde. Mais do que o nome de todos os Santos. O de Maria nos repousa de nossas fadigas, cura todos os nossos males, ilumina nossa cegueira, comove nosso endurecimento e nos encoraja em nossos desânimos. Maria é a vida e a respiração de seus servidores, a saúde dos enfermos, o remédio dos pecadores. Ricardo de São Vítor, interpretando estas palavras do Eclesiastes (VII, 2): "É melhor o bom nome do que os bálsamos preciosos", as aplica assim à Bem-aventurada Virgem: "O nome de Maria cura os males do pecador com maior eficácia do que a dos unguentos mais procurados; não há doença, por desastrosa que seja, que não ceda imediatamente à voz desse bendito nome".
 O nome de Maria abre o coração de Deus e põe todos os
seus tesouros à disposição da  alma que o invoca.
Nosso Divino Salvador, se não me engano, no-lo quis recomendar quando, ressuscitando dos mortos, o primeiro nome que aflorou em seus lábios foi o de Maria.
Com efeito, dirigindo-se à Madalena, a primeira a quem Ele aparecia após sua Ressurreição, disse-lha (Jo XX, 16): "Maria", para nos significar que o nome de Maria encerra a vida em si mesmo, e se harmoniza tão bem com a vida imortal, que merece ser o primeiro a sair da boca do Salvador, já em possessão da imortalidade. Esta reflexão é de Cesário, em sua bomilia sobre a Visitação.
Nome que desarma e abre o coração de Deus, em favor dos homens
E acrescentamos com o Pe. J. Guibert, que assim se expressa na sua Meditação para a festa do Santo Nome de Maria: "O nome de Maria desarma o coração de Deus. Não há pecador, por mais criminoso, que pronuncie em vão esse nome. Embora merecesse, por suas faltas, todas as cóleras do céu, ele se vê protegido como por inviolável pára-raios, logo que articule o nome de Maria.
A este nome, o perdão desce infalivelmente sobre as almas pecadoras, não porque tenha Ela o direito de concedê-lo, mas porque é onipotente para implorá-lo - Omnipotentia suppex. O nome de Maria abre o coração de Deus e põe todos os seus tesouros à disposição da alma que o invoca.
A História nos ensina que uma multidão de Santo caridosos fizeram voto de jamais recusar a esmola que lhes fosse pedida em tal ou tal nome. Assim que ouviam o nome amada, eles davam, davam sempre, até o último óbulo e até suas próprias vestimentas. O nome de Maria tem esse poder mágico sobre o coração de Deus. Deus Filho, Jesus Cristo, entrega tudo o que tem àqueles que Lhes estendem a mão em nome de sua Mãe; Deus Padre, fonte de toda riqueza, concede toda graça àqueles que mendigam diante dEle invocando o nome de sua Filha Bem-amada. (...)
Nome de salvação e de alegria
O nome de Maria é um nome salvador, sobretudo nos perigos de ordem moral. Quantas tentações por ele foram vencidas, quantos pecados evitados, quantos imundos corações purificados, quantas penosas confissões extraídas de almas que se cria para sempre fechadas!
É também um nome de consolação e de alegria. Ele dissipa a tristeza na alma que o pronuncia. Tendes medo de Deus e de seus julgamentos? Pensai em Maria e invocai seu nome: vossa confiança em Deus renascerá. Tendes medo dos homens, diante dos quais vos cobristes de vergonha e perdestes a reputação? Pensai em Maria e invocai seu nome: e não tereis mais receio de levantar os olhos diante de vossos semelhantes. Esmaga-vos o peso da humilhação ou da dor física? Pensai em Maria, invocai seu nome, e sereis aliviado. Tendes a horrível morte que rompe e põe fim a tudo? Pensai em Maria, invocai seu nome, e tereis coragem de aceitar esse supremo sacrifício.
 "Este nome tem mais virtude do que todos os nomes dos Santos 
para confortar os débeis, curar os enfermos, iluminar os 
cegos, abrandar os corações endurecidos, fortificar
os que  combatem, dar ânimo aos cansados e 
derrubar o poderio dos demônios"
Nome de força
O nome de Maria, enfim, é um nome de força. Quaisquer que sejam os inimigos que vos ameaçam, venham eles do Inferno, como o demônio que vos tenta; ou venham do mundo, como os adversários que vos perseguem, invocai o poderoso nome de Maria e a todos vencereis.
Quaisquer que sejam vossas próprias fraquezas, provenham elas do orgulho, da inveja, da sensualidade ou da preguiça, confiai vosso débil coração à solicitude da Virgem, invocai o poderoso nome de Maria, e vos vencereis a vós mesmos.
Precioso tesouro da Santíssima Trindade
Recolhendo opiniões dos santos Doutores sobre o nome de Maria, traça São João Eudes esta admirável síntese:
"O nome de Maria, diz Santo Antônio de Pádua, é júbilo para o coração, mel na boca e doce melodia no ouvido."
"Bem-aventurado o que ama vosso nome, ó Maria (é São Boaventura quem fala), porque este santo nome é uma fonte de graça que refresca a alma sedenta e a faz produzir frutos de justiça."
"Ó Mãe de Deus, diz o mesmo Santo, que glorioso e admirável é vosso nome. O que o leva em seu coração se verá livre do medo da morte. Basta pronunciá-lo para fazer tremer a todo inferno e por em fuga a todos os demônios. O que deseja possuir a paz e a alegria do coração, que honre vosso santo nome."
"O nome de Maria, diz São Pedro Crisólogo, é nome de salvação para os regenerados, sinal de todas as virtudes, honra da castidade; é o sacrifício agradável a Deus; é a virtude da hospitalidade; é a escola de santidade; é, enfim, um nome completamente maternal."
"Ó amabílissima Maria, exclama também São Bernardo, vosso santo nome não pode passar pela boca sem abrasar o coração! Os que Vos amam não podem pensar em Vós, sem um consolo e um gozo muito particulares. Nunca entrais sem doçura na memória dos que Vos honram."
"Ó Maria, diz o Santo Abade Raimundo Jordão, o chamado Idiota, a Santíssima Trindade Vos deu um nome que, depois do de vosso Filho, está acima de todos os nomes; nome a cuja pronunciação devem dobrar o joelho todas as criaturas do Céu, da terra e do Inferno, e toda língua confessar e honrar a graça, a glória e a virtude do santo nome de Maria. Porque, depois do nome de vosso Filho, não há quem seja tão poderoso para nos assistir em nossas necessidades, nem de quem devamos esperar mais os socorros que necessitamos para nossa eterna salvação."
"Este nome tem mais virtude do que todos os nomes dos Santos para confortar os débeis, curar os enfermos, iluminar os cegos, abrandar os corações endurecidos, fortificar os que combatem, dar ânimo aos cansados e derrubar o poderio dos demônios" (...).
"Ouçamos a São Germano de Constantinopla: "Como a respiração, diz, não só é o sinal como também a causa da vida, assim quando vedes cristãos que tem com frequência o santo nome de Maria na boca, é sinal de que estão vivos com a verdadeira vida. O afeto particular que se tem a este sagrado nome, dá vida aos mortos, a conserva nos vivos, e os enche de gozo e de benção."
 O nome de Maria é um nome salvador, sobretudo  nos perigos 
de ordem moral. Quantas tentações por ele  foram vencidas, 
quantos pecados evitados,  quantos imundos corações   
purificados, quantas penosas confissões
extraídas  de almas que se cria
para sempre fechadas!
Numa palavra, quem diz Maria, diz o mais precioso tesouro da Santíssima Trindade, como afirma Orígenes. Quem diz Maria, diz o mais admirável ornamento da casa de Deus. Quem diz Maria, diz a glória, o amor e as delícias do Céu e da Terra.
Nome terrível para os demônios
Concluímos com estas fervorosas palavras do venerável Tomás de Kempis, a respeito do glorioso nome da Mãe de Deus:
Os espíritos malignos tremem ante a Rainha dos Céus, e fogem como se corre do fogo, ao ouvir seu santo nome. Causa-lhes pavor o santo e terrível nome de Maria, que para o cristão é um extremo amável e constantemente celebrado.
Não podem os demônios comparecer nem poder por em jogo suas artimanhas onde vêem resplandecer o nome de Maria. Como trovão que ressoa no céu, assim caem derrubados ao ouvirem o nome de Santa Maria. E quanto mais amiúde se profere este nome, e mais fervorosamente se invoca, mais céleres e para mais longe escapam.
Nome a ser continuamente invocado
De outro lado, os Santos Anjos e os espíritos dos justos se alegram e se deliciam com a devoção dos fiéis, ao verem com quanto afeto e frequência celebram estes a memória de Santa Maria, cujo glorioso nome aparece em todas as igrejas do orbe, que tem especialmente consagradas a seu louvor. E é justo e digno que acima de todos os Santos seja honrada na Terra a Mãe de Deus, a quem os Anjos veneram todos a uma só voz, com sublimes cânticos.
Seja, pois, o nome de Maria venerado por todos os fiéis, sempre amado pelos devotos, vinculado aos religiosos, recomendado aos seculares, anunciado pelos pregadores, infundindo aos atribulados, invocado em toda sorte de perigos. É desejo de Deus que os homens amem a Nossa Senhora.
É desejo de Deus que os homens amem a Nossa Senhora
Devemos amar a Santíssima Virgem - escreve Santa Antônio Maria Claret - porque Deus o quer. (...) Ele próprio nos dá exemplo e nos incita a amar a Maria: O Padre Eterno A escolheu por Filha sua muito amada; o Filho Eterno A tomou por Mãe, e o Espírito Santo, por Esposa. Toda a Santíssima Trindade A coroou como Rainha e Imperatriz do Céu e da terra, e A constituiu dispensadora de todas as graças (...)
Devemos amar a Maria Santíssima porque Ela o merece, pelo cúmulo de graças que recebeu sobre a Terra, pela eminência da glória que possui no Céu, pela dignidade quase infinita de Mãe de Deus a que foi exaltada, e pelas prerrogativas inerentes a esta sublime dignidade. (...) Devemos amar a Maria Santíssima e ser seus devotos verdadeiros, porque a devoção a Ela é um meio poderosíssimo para alcançar a salvação.
Bem-aventurados os que amam a Maria
Feliz, feliz aquele que Vos ama, ó Maria, Mãe dulcíssima" - exclama Santo Afonso de Ligório. São João Berchmans, da Companhia de Jesus, costumava dizer: Se amo a Maria, estou certo da minha perseverança e de Deus obtenho tudo o que quiser. Renovava por isso sem cessar este propósito: Quero amar a Maria, quero amá-La sempre.
Oh! como esta boa Mãe excede em amor a todos os seus filhos! Amem-Na estes quanto puderem, sempre serão vencidos pelo amor que lhes consagra Maria, observa Pseudo-Inácio, mártir.
Tenham-lhe a mesma ternura de amor com que A tem amado tantos de seus servos, que já nem sabiam o que mais fazer como prova muito que Lhe bem-queriam. (...)
 O nome de Maria cura os males do pecador com maior 
eficácia do que a dos unguentos mais procurados; não 
há doença, por desastrosa que seja, que não ceda
imediatamente à voz desse bendito nome".
Estava uma vez ao pé de uma imagem de Maria o Venerável Afonso Rodriguez, da Companhia de Jesus. Abrasado de amor para com a Santíssima Virgem, disse-lhe: Minha Mãe amabilíssima, bem sei que Vós me amais; mas Vós não me quereis tanto quanto eu Vos amo. Então, Maria, como que ofendida em seu amor, lhes respondeu: Que dizes, Afonso, que dizes? Oh! Quanto é maior o meu amor por ti do que o teu por Mim! Sabe, lhe disse, que do meu amor ao teu há mais distância do que do céu à Terra.
Tem, pois, razão São Boaventura ao exclamar: Bem-aventurados aqueles que tem a felicidade de ser fiéis servos e amantes desta Mãe amantíssima! Sim, porque esta gratíssima Rainha não admite que em amor A vençam os seus devotos servidores. Maria, imitando nisto a Nosso Senhor Jesus Cristo, com seus benefícios e favores dá a quem A ama o seu amor duplicado.
Ao amor de Mãe, deve corresponder nosso amor de filhos
Sendo assim, ao amor de Mãe que nos tem Maria, devemos corresponder com nosso amor de filhos. Pois é justo que nosso coração se mostre conquistado pelo seu. Se nós A amamos, devemos nos comprazer com sua lembrança, falar dEla com agrado e obedecê-La com diligência (...)
Devemos nos esforçar por imitá-La. A mais bela homenagem que um filho pode render à sua mãe é de lhe reproduzir os traços em sua própria conduta. Que nosso coração, portanto, seja semelhante ao de Maria. Antes de tudo, que ele seja puro como o dEla; evitemos, pois, a imundície do pecado. Que nosso coração seja bom e terno como o dEla; compassivo, acolhedor, benévolo, generoso. Portanto, que nada exista de duro em nossos pensamentos nem em nossas palavras, em relação ao nosso próximo.
Enfim, que nosso coração seja forte, como o dEla, indomável quando se trata da salvação das almas, não abandonando jamais o terreno, quando nos tenha sido confiado o regate de uma alma, trabalhando para isto com o perigo de nossa própria vida. Portanto, nada dessas timidezes que se recusam a abordar as almas, nada de covardias que recuam diante dos dificuldades. 
(Clá Dias, João - Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado, Artpress, São Paulo, 1997, p. 299 à 304)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

SAO PEDRO CLAVER

"Escravo dos africanos para sempre", foi o programa de vida desse jovem missionário jesuíta que batizou mais de 300 mil negros escravos ao longo de 35 anos de labor apostólico.
A aurora de uma vocação
Nascido em Verdú, pequena cidade espanhola da Catalunha, em 1580, Pedro Claver sentiu- se chamado para a vida religiosa desde tenra infância. Aos 22 anos de idade, bateu às portas do noviciado da Companhia de Jesus.
Dois anos mais tarde, a fim de completar os estudos de Filosofia, foi enviado por seus superiores ao Colégio de Montesion, na ilha de Maiorca. Deuse, então, um providencial encontro que marcaria de modo indelével a vida de Pedro e firmaria definitivamente sua vocação.
Nesse colégio habitava um venerável ancião, simples irmão coadjutor e porteiro da casa, que séculos depois seria canonizado e viria a ser uma das glórias da Ordem: Santo Alonso Rodríguez.
Desde o primeiro instante em que os límpidos olhos do santo porteiro penetraram o coração do noviço, discerniu o ancião a vocação do jovem e um profundo e sobrenatural relacionamento uniu então aquelas duas almas.
"O que devo fazer para amar verdadeiramente a Nosso Senhor Jesus Cristo?" - perguntava o estudante. E Santo Alonso não se contentava em dar um simples conselho, mas descortinava os ilimitados horizontes da generosidade e do holocausto: "Quantos que vivem ociosos na Europa, poderiam ser apóstolos na América! Não poderá o amor de Deus sulcar esses mares que a cobiça humana soube cruzar? Não valem também aquelas almas a vida de um Deus? Por que tu não recolhes o Sangue de Jesus Cristo?" As ardentes palavras do velho porteiro acenderam labaredas de zelo que acabariam por consumir o coração de Pedro Claver.
Nessa época, o irmão Alonso foi favorecido por Deus com uma mística visão: sentiu-se arrebatado até o Céu onde contemplou incontáveis tronos ocupados pelos bem-aventurados e, no meio deles, um trono vazio. Escutou uma voz que lhe dizia: "É este o lugar preparado para teu discípulo Pedro, como prêmio de suas muitas virtudes e pelas inúmeras almas que converterá nas Índias, com seus trabalhos e sofrimento.
Missionário e sacerdote
No dia 23 de janeiro de 1610, o superior provincial, atendendo a seus pedidos, enviou-o como missionário à tão anelada América do Sul. E no final desse mesmo ano, após longa travessia, aportou na cidade de Cartagena, uma das mais importantes do Império Espanhol do além-mar.
Terminada sua formação teológica na casa de formação dos jesuítas na província da Nova Granada, recebeu finalmente o Sacramento da Ordem no dia 19 de março de 1616 e celebrou sua primeira Missa diante da imagem da Virgem dos Milagres a quem professaria sempre uma ardorosa e filial devoção.
O campo de batalha
A cidade de Cartagena constituía, nessa época, um dos pontos principais de comércio entre a Europa e o novo continente, e juntamente com Veracruz, no México, eram os dois únicos portos autorizados para a introdução de escravos africanos na América Espanhola. Calcula-se que cerca de dez mil escravos chegavam anualmente a esta cidade, trazidos por mercadores, geralmente portugueses e ingleses, que se dedicavam a este vil e cruel comércio.
Esses pobres seres, arrancados das costas da África, onde viviam no paganismo e na barbárie, eram trazidos no fundo dos porões dos navios para serem vendidos como simples objetos e finalmente destinados ao trabalho nas minas e nas fazendas onde, depois de haver vivido sem esperança, morriam miseravelmente sem o auxílio da religião.
Converter esses milhares de infelizes cativos e lhes abrir as portas do Céu, foi a missão à qual Pedro Claver consagrou toda a sua existência.
Assim, quando chegou o grandioso e esperado momento de emitir os votos solenes, pelos quais se comprometia a ser obediente, casto e pobre até a morte, assinou o documento com a fórmula que doravante seria a síntese de sua vida: Petrus Claver, æthiopum semper servus. - "Pedro Claver, escravo dos africanos para sempre". Tinha 42 anos de idade.
O escravo dos escravos
Quando um navio carregado de escravos chegava ao porto, o Padre Claver acorria imediatamente numa pequena embarcação, levando consigo uma grande provisão de biscoitos, frutas, doces e aguardente.
Aqueles seres embrutecidos por uma vida selvagem e exaustos pela viagem realizada em condições desumanas, olhavam-no com temor e desconfiança. Mas ele os saudava com alegria e por meio de seus auxiliares e intérpretes negros - tinha mais de dez - dizia-lhes: "Não temais! Estou aqui para vos ajudar, para aliviar vossas dores e doenças." E muitas outras frases consoladoras. Porém, mais que as palavras, falavam suas ações: antes de mais nada, batizava as crianças moribundas; depois recebia em seus braços os enfermos, distribuía a todos bebidas e alimentos e fazia- se servo daqueles desventurados.
Árdua catequese
Levando em sua mão direita um bastão encimado por uma cruz e um belo crucifixo de bronze pendurado no pescoço, saía Pedro Claver todos os dias para catequizar os escravos. Calores extenuantes, chuvas torrenciais, críticas e incompreensões até dos próprios irmãos de vocação, nada arrefecia sua caridade.
Com freqüência batia nos pórticos senhoriais da cidade pedindo doces, presentes, roupas, dinheiro e almas decididas que o auxiliassem em seu duro apostolado. E não poucas vezes nobres capitães, cavaleiros e senhoras ricas e piedosas o seguiam até as míseras moradias dos escravos.
Entrando nesses lugares, seu primeiro cuidado dirigia-se sempre aos doentes. Lavava-lhes o rosto, curava suas feridas e chagas e repartia comida aos mais necessitados. Apaziguadas as penalidades do corpo, reunia então a todos em torno de um improvisado altar, os homensSao Pedro Claver - Santa Cueva Manresa.jpgde um lado e as mulheres de outro, e iniciava a catequese que ele sabia colocar maravilhosamente ao alcance da curta inteligência dos escravos. Pendurava à vista de todos uma tela pintada com a figura de Nosso Senhor crucificado, com uma grande fonte de sangue correndo de seu lado ferido; aos pés da Cruz, um sacerdote batizava com o Sangue Divino vários negros, os quais apareciam belos e brilhantes; mais abaixo, um demônio tentava devorar alguns negros que ainda não haviam sido batizados.
Dizia-lhes, então, que deveriam esquecer todas as superstições e ritos que praticavam nas tribos e lugares de origem, e lhes repetia isso muitas vezes.
Depois lhes ensinava a fazer o sinalda- cruz e lhes explicava paulatinamente os principais mistérios da nossa Fé: Unidade e Trindade de Deus, Encarnação do Verbo, Paixão de Jesus, mediação de Maria, Céu e inferno.
Pedro Claver compreendia bem que aquelas mentalidades rudes não podiam assimilar idéias abstratas sem a ajuda de muitas imagens e figuras. Por isso lhes mostrava estampas nas quais estavam pintadas cenas da vida de Nosso Senhor e de Nossa Senhora, representações do Paraíso e do inferno.
Batizou mais de 300 mil escravos
Após inúmeras jornadas de árdua evangelização, batizava-os finalmente. Para celebrar este Sacramento utilizava uma jarra e uma bacia de fina porcelana chinesa, e queria que os escravos estivessem limpos. Introduzia seu crucifixo de bronze na água, abençoava-a e dizia que agora aquele líquido era santo, e que após serem lavadas nessa água suas almas se tornariam mais refulgentes que o sol. Calcula-se que ao longo de sua vida São Pedro Claver batizou mais de 300 mil escravos. Aos domingos, percorria ruas e estradas da região chamando-os à santa Missa e ao sacramento da Penitência. Dias havia que passava a noite inteira confessando os pobres escravos.
Reflexos de um imenso amor
Sua ardente e inextinguível sede de almas era apenas o transbordamento visível das labaredas interiores que consumiam a alma deste discípulo de Cristo. Significativos indícios levantam u m tanto o véu que cobriu durante sua vida o altíssimo grau de união com Deus que ele havia atingido.
"Todo o tempo livre de confessar, catequizar e instruir os negros, dedicava- o à oração", narra uma testemunha. Repousava diariamente apenas três horas, e passava o resto da noite de joelhos em sua cela ou diante do Santíssimo Sacramento, em profunda oração, muitas vezes acompanhada de místicos arroubos. Grande adorador de Jesus-Hóstia, preparava-se todos os dias durante uma hora antes de celebrar o Sacrifício do Altar, e permanecia em ação de graças meia hora após a Missa, não permitindo que ninguém o interrompesse nesses períodos.
Ilimitada também era sua devoção a Nossa Senhora. Rezava o Rosário completo todos os dias, ajoelhado ou andando pelas ruas da cidade, e não deixava passar nenhuma festa d'Ela sem organizar solenes celebrações, com música instrumental e coral.
Longo calvário
Aquele varão, que tinha passado a vida fazendo o bem, que tantas dores havia aliviado e tantas angústias consolado, teve de padecer, como seu Divino Modelo, indizíveis tormentos físicos e morais antes de ser acolhido na glória celeste.
Após 35 anos de intensíssimo labor apostólico e 70 de idade, caiu gravemente enfermo. Pouco a pouco foram-se paralisando as extremidades de seus membros, e um forte tremor agitava continuamente seu corpo extenuado. Tornou-se "uma espécie de estátua da penitência com as honras de pessoa", relata uma testemunha.
Os últimos quatros anos de existência terrena, ele os passou imobilizado na enfermaria do convento. E, por incrível que pareça, este homem que havia sido a alma da cidade, o pai dos pobres e o consolador de todas as desventuras, foi completamente olvidado por todos e submergido no esquecimento e no abandono.
Passava os dias, os meses e os anos em silenciosa meditação, contemplando da janela da enfermaria a imensidade do mar e escutando a São Pedro Claver - Igreja de São Nicolau - Estrasburgo.jpgmelodia das ondas que se rompiam contra as muralhas da cidade. A sós com a dor e com Deus, aguardava o momento do supremo encontro.
Um jovem escravo fora designado pelo superior da casa para cuidar do doente. Entretanto, esse que deveria ser enfermeiro não passava de bruto algoz. Comia a melhor parte dos alimentos destinados ao paralítico e "um dia o deixava sem bebida, outro sem pão, muitos sem comida", segundo conta uma testemunha da época. Também "o martirizava quando o vestia, governando-o com brutalidade, torcendo-lhe os braços, batendo nele e tratando-o com tanta crueldade como desprezo". Porém, nunca seus lábios proferiram a menor queixa. "Mais merecem minhas culpas", exclamava às vezes.
Glória já nesta terra: "Morreu o santo!"
Certo dia de agosto de 1654, disse Claver a um irmão de hábito: "Isto se acaba. Deverei morrer num dia dedicado à Virgem". Na manhã de 6 de setembro, à custa de um imenso esforço, fez- se conduzir até a igreja do convento e quis comungar pela última vez. Quase se arrastando, aproximou-se da imagem de Nossa Senhora dos Milagres, diante da qual havia celebrado a sua primeira Missa. Ao passar pela sacristia, disse a um irmão: "Morro. Vou morrer. Posso fazer algo por vossa reverência na outra vida?" No dia seguinte, perdeu a fala e recebeu a Unção dos Enfermos.
Sucedeu, então, algo de extraordinário e sobrenatural. A cidade de Cartagena pareceu acordar de uma longa letargia e por todos os lados corria a voz: "Morreu o santo!" E uma multidão incontenível dirigiu-se para o colégio dos jesuítas, onde agonizava Pedro Claver. Todos queriam oscular suas mãos e seus pés, tocar nele rosários e medalhas. Distintas senhoras e pobres negras, nobres, capitães, meninos e escravos desfilaram nesse dia diante do santo, que jazia sem sentidos em seu leito de dor. Só às 9 horas da noite os padres conseguiram fechar as portas e assim conter aquela piedosa avalanche.
E assim, entre 1h e 2h da madrugada de 8 de setembro, festa da Natividade de Maria, com grande suavidade e paz, o escravo dos escravos adormeceu no Senhor.
 (Revista Arautos do Evangelho, Set/2005, n. 45, p. 20 à 23)