Ouve-se constantemente expressões como "Graças a DEUS", mas poucos sabem o seu verdadeiro sentido e tudo que derivam delas!
Durante algumas semanas explicar-vos-ei o seu significado e o que são estas as graças de DEUS, com as explicações de Matthias Joseph Scheeben :retiradas do seu magnífico livro intitulado "As Maravilhas da Graça Divina", encontrado por casualidade numa traduçao em lingua portuguesa, por P. Dinarte Duarte Passos, C. M. e editado em 1952 pela Editora Vozes, Ltda. Petrolis.
Eis alguns trechos:
A ESSÊNCIA DA GRAÇA
Livro Primeiro
LAMENTÁVEL DESPREZO DOS HOMENS PARA COM A GRAÇA
A graça de Deus - objeto deste livro- é um clarão da bondade divina que, vindo do céu à alma , enche-a , até ás profundezas , de uma luz, a um tempo tão suave e poderoso que encanta ela o próprio olhar de Deus; transforma-se em objeto de seu amor e se vê adofada como esposa e filha de sua natureza...
Ensina o Anjo da Escola que o mundo inteiro, com tudo que contém, vale menos aos olhos divinos que um só homem em estado de graça (São Tomás, Sum. Theol. I-II, q.113). Vai mais longe Santo Agostinho e afirma que o céu e todos os coros dos anjos não lhe podem comparar. Deveria o homem sentir-se mais reconhecido a Deus pela menor graça do que se recebesse a perfeição dos espíritos puros ou o domínio dos mundos celestes. Como não sobrepujaria então a graça a todos os bens da terra?
Entretanto, a ela preferimos qualquer um destes bens, trocámos-la - sacrilégio horrendo! pelos mais abomináveis; brincamos com ela, dela zombamos.
Não se envergonham os homens de sacrificar esta plenitude de bens, que Deus nos oferece juntamente consigo. E tudo isto, por não se privarem de um olhar impuro! Mais insensatos que Esaú, vendem sua herança pelo miserável prazer de um instante: Ela que sobrepujava em valor ao mundo tudo!
Assombrai-vos, ó céu! Portas do empireo, declarai-vos em luto!
Quem seria tão temerário e insensato que, para proporcionar-se um passageiro deleito, faria desaparecer o sol do mundo, decretaria a queda das estrelas e introduziria a confusão em todos os elementos? Quem ousaria sacrificar todo o mundo a um capricho, a uma ambição? Que é a perda do mundo em comparação com a perda da graça? E pensar que isto se pratica com tanta facilidade e frequência! E isto se dá, já não digo diariamente, e, sim, a cada instante e com muitíssimos homens! Quantos se esforçam por impedí-lo já em si, já nos outros? Quantos os que se entristecem e se lamentam por isto?
Estremecemos quando obscurece o sol por um momento, quando o terramoto devasta uma cidade, quando uma epidemia ceifa homens e animais. E entretanto, algo de imensamente mais terrível e mais triste repete-se cada dia sem nos comovermos: o fato de perderem tantos homens continuamente a graça de DEUS, e desprezarem as mais favoráveis ocasiões de alcançá-la e aumentá-la...
Nunca será suficientemente intenso nosso pranto, se chegarmos a destruir em nossa alma o paraíso da graça. Neste caso, com efeito, perdemos o reflexo da natureza divina; privamo-nos da rainha das virtudes, a caridade, com todos os seus efeitos sobrenaturais; expulsamos de nós os dons do Espírito Santo e a este hóspede celeste; repelimos nossa filiação divina, as vantagens da amizade de Deus, os direitos a sua herança, o fruto dos sacramentos e de nossos méritos; em uma palavra, desprezamos a Deus, o céu, a graça com todas os seus tesouros...
a continuar...
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