Um escultor pode reproduzir ao natural uma estátua ou um retrato de duas maneiras: aplicando todo o seu talento na matéria dura e informe, usando de toda a força, de toda a ciência e perfeição das suas ferramentas, para reproduzir a estátua ou então, metendo-a simplesmente em um molde.
O primeiro método é demorado, é difícil e está sujeito a diversos inconvenientes: por vezes basta uma pancada de cinzel ou uma martelada mal dada para estragar toda a obra.
O segundo, ao contrário, é rápido, suave e delicado, quase sem esforço e sem fadiga, desde que o molde seja perfeito (...), e desde que a matéria utilizada seja maleável e não oponha resistência ao seu manejo.
É Maria o maravilhoso molde de Deus, criado pelo Espírito Santo para formar em perfeição um Homem-Deus através da união hipostática (união das duas naturezas), e para tornar o homem, participante da natureza divina mediante a graça. Maria é esse molde a que não falta o mais leve traço da divindade: quem for introduzido nele se deixar plasmar por ele, adquire todos os traços de Jesus Cristo, verdadeiro Deus, e isso de forma suave e em consonância com a fragilidade humana, sem tantos sacrifícios nem fadigas; e ainda de forma segura, sem medo de ilusões, já que o demónio não teve e nunca terá qualquer acesso a Maria, santa e imaculada, sem a mais leve sombra de pecado.
Oh! Alma querida, como é grande a diferença entre uma alma formada em Jesus Cristo, pelos caminhos mais comuns, como o dos escultores – que confiam no seu engenho, no seu talento –, e uma alma bem maleável, desapegada, bem fundida e que, recusando fiar-se em si mesma, se lança em Maria e n´Ela se deixa plasmar apenas pela ação do Espírito Santo! Quantas manchas, quantos defeitos, quantas trevas, quantas ilusões, quanto de natural, quanto de humano há na primeira alma; e como a segunda é pura, divina e semelhante a Jesus Cristo!
O Segredo de Maria, § 16-18
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