A. ESSÊNCIA E HISTÓRIA DA CONSAGRAÇÃO (continuação)
No sentido geral, uma 'consagração' significa uma dedicação de pessoas ou objetos ao culto divino. O consagrado é tirado do uso profano e posto ao serviço sagrado de Deus. Esta santa separação realiza-se por uma intervenção direta de Deus ou por meio de um rito, de um ato de bênção. Toda consagração na história da salvação provém de Deus: é Ele que escolhe o homem para Seu serviço e para a comunhão consigo. Uma vez que Deus tenciona estabelecer uma aliança de amor, esta consagração requer a resposta livre da criatura. Por isso também a resposta do homem a Deus pode ser chamada de ‘consagração’. Este mistério da consagração perpassa toda a história da salvação e foi por Jesus Cristo levado à plenitude e consumação.
1. Consagração e Aliança no Antigo Testamento
Na Antiga Aliança, Deus escolheu para Si todo o povo de Israel e o 'santificou', isto é, o 'separou' e o 'pôs a Seu serviço sacerdotal' (cf. Catecismo da Igreja Católica = Cat., n. 1539; cf. Ex 19,6); instituiu a aliança com o povo de Deus, para a glorificação do Seu nome. Dentro deste povo sacerdotal Deus escolheu expressamente a tribo de Levi, "reservando-a para o serviço litúrgico" (Cat., n. 1539; cf. Nm 1,48ss). Os sacerdotes foram designados "para servir a Deus em favor dos homens, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados" (Hb 5,1). A meta da consagração, tanto do povo como do sacerdote, é a glorificação de Deus. Esta, porém, exige a santificação das pessoas que são chamadas à união com Deus.
2. A Nova Aliança em Jesus Cristo
A consagração original e principal é aquela da natureza humana de Cristo, do Verbo feito carne, a Quem se ordenam todas as outras consagrações. Ele, o Messias, o Ungido ('consagrado'), é o mediador entre Deus e os homens, o verdadeiro Sumo Sacerdote, a Cabeça da Igreja.
A consagração, separação e santificação do povo de Deus da Antiga Aliança, com seu culto e sacerdócio, foi uma prefigura, uma 'sombra' da Nova Aliança que Cristo instituiu em virtude do Seu sacrifício, em virtude da Sua consagração de Si mesmo: "Por eles Me consagro a Mim mesmo, para que eles também sejam consagrados na verdade" (Jo 17,19). Só em e por Jesus Cristo a consagração realizada por Deus recebe um sinete eficaz no Espírito Santo (cf. Ef 1,13).
3. Sacramentos da Igreja
Através do serviço da Igreja Cristo realiza, sobretudo nos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Ordem, a consagração dos homens, fazendo-os participar no Seu sacerdócio e na Sua própria santidade. "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, a fim de anunciardes as virtudes d’Aquele que vos chamou das trevas para a Sua luz admirável" (1 Pd 2,9). Esta participação é impressa na alma pelo caráter sacramental, que é um sinal de aliança, inextinguível e espiritual, da consagração a Deus e o fundamento da santidade na Igreja. Por meio desses sacramentos os fiéis recebem tanto uma participação no múnus sacerdotal de Cristo como também a graça santificante. Assim, não são mais do mundo (cf. Jo 17,14) e, por sua ligação com Cristo, são consagrados ao serviço de Deus.
(continua...)
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