A raiz histórica da consagração a Maria encontra-se nos primeiros tempos do cristianismo. Uma das orações mais antigas a Nossa Senhora, a oração 'À vossa proteção', contém já um ato de entrega à Mãe de Deus, cuja proteção a pessoa se confia. Segundo S. Luis Maria Grignion de Montfort († 1716), a consagração a Maria consiste em "entregar-se inteiramente à Santíssima Virgem, a fim de, por Ela, pertencer inteiramente à Pessoa de Jesus Cristo" (Tratado da verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 121). A entrega de si mesmo a Maria comporta, como obrigação, uma perfeita renovação das promessas batismais e, como fruto, uma correspondente dedicação maternal da parte de Maria. São Luís Maria funda, portanto, a consagração a Maria na consagração batismal, que ele reconhece como uma 'aliança', e na mediação de Maria com relação a Cristo. A obrigação a mais consiste em "fazer todas as suas ações por Maria, com Maria, em Maria e para Maria, a fim de fazê-las mais perfeitamente por Jesus, com Jesus, em Jesus e para Jesus" (Ibid., n. 257).Numa alocução aos membros da Congregação Mariana, o Papa Pio XII disse: "A consagração à Mãe de Deus ... é uma entrega completa de si mesmo, por toda a vida e para a eternidade; ela é uma doação não meramente exterior ou sentimental, mas eficaz, que se realiza numa fervorosa vida cristã e mariana, numa vida apostólica, na qual o membro da Congregação se torna um servo de Maria como que representando na terra suas mãos visíveis, cheio do entusiasmo de uma vida interior viva que se difunde em todas as obras exteriores de uma piedade sólida, do culto divino, do amor ao próximo e do zelo" (Alocução de 21 de janeiro de 1945).O Papa Paulo VI exortou a todos os filhos e filhas da Igreja a "consagrarem-se pessoalmente e de novo, com sinceridade, ao Imaculado Coração da Mãe da Igreja. E este sinal de amor filial total, a imitação do exemplo da Mãe, deve ser traduzido na vida, em obras! Sempre mais cada um há de orientar a sua vida em conformidade com a vontade de Deus, com o modelo de vida da Rainha celeste e, assim, servi-la como um autêntico filho" (Signum Magnum, no fim).Quando o Papa João Paulo II, no ano de 1984, juntamente com os bispos, realizou a consagração à Mãe de Deus, ele ligou a consagração a Cristo por meio de Maria com a consagração que Jesus fez de Si mesmo ao Pai por causa da nossa salvação: "Encontrando-nos hoje diante de Vós, Mãe de Cristo, diante do vosso Imaculado Coração, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos à consagração que, por nosso amor, o vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: 'Eu consagro-Me por eles' - foram as Suas palavras - para eles serem também consagrados na verdade' (Jo 17,19)" (extraído do texto da Congregação para a Doutrina da Fé: A Mensagem de Fátima, junho de 2000).Nesta oração de consagração trata-se, no fundo, de uma participação, aprofundada com o auxílio de Maria, na consagração de Jesus, o divino Redentor, a Seu Pai (Jo 17,19), para a salvação do mundo. A consagração a Maria tem, portanto, a Cristo como o fim próprio: por ela o homem vem a ser não somente recetor das graças redentoras de Cristo, mas, com Maria, toma parte ativa na obra redentora de Cristo.
(continua...)
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