JESUS, EU CONFIO EN VÓS

Somo Servos da Misericórdia Divina.

O que é extraordinário, nos textos e mensagens entre Jesus e a Irmã Faustina, é que em qualquer dos textos citados podemos identificar-nos com a Irmã Faustina, como se estas mensagens estejam diretamente dirigidas a cada um de nós. A alma que tem sede de Deus, e por ter procurado uma intimidade com Ele, mas sem saber como a alcançar, está agora em plena consciência, enquanto anteriormente não distinguia claramente a Sua voz, nem compreendia a Sua mensagem, a partir da leitura das declarações de Jesus e suas interpretações da Irmã Faustina, o véu abriu-se e agora tudo ficou transparente e nítido.

Estas mensagens, que nos foram dirigidas, ao longo de toda a nossa vida, ganharam sentido, ultrapassando a barreira do tempo e agora disponíveis e compreensíveis para todos aqueles que o desejam, em comunhão com os Santos e a Santa Igreja, pela graça da Misericórdia Divina.


Diariamente, colocaremos citações da obra de Santa Faustina, ou de outros autores que também receberam graças muito especiais, que o ajudará, com certeza, na sua meditação diária.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

SOBRE OS ANJOS

 A PARTICIPAÇÃO DOS ANJOS NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO

Audiência do dia 6 de agosto de 1986 (publicada no L'OSSERVATORE ROMANO, ed. port., no dia 10 de agosto de 1986)

1. Nas recentes catequeses vimos como a Igreja, iluminada pela luz proveniente da Sagrada Escritura, professou ao longo dos séculos a verdade sobre a existência dos anjos como seres puramente espirituais, criados por Deus. Fê-lo desde o princípio com o símbolo niceno-constantinopolitano e confirmou-o no Concílio Lateranense IV (1215), cuja formulação é retomada pelo Concílio Vaticano I no contexto da doutrina sobre a criação: Deus "criou contemporaneamente do nada, desde o inicio dos tempos, uma criatura e a outra, a espiritual e a corpórea, isto é, a angélica e a terrena, e portanto criou a natureza como comum a ambas, sendo constituída de espírito e de corpo" (Const. De fide cath. DS 3002). Ou seja: Deus criou desde o princípio ambas as realidades: a espiritual e a corporal, o mundo terreno e o mundo angélico. Tudo isto criou Ele ao mesmo tempo (simul) em ordem à criação do homem, constituído de espírito e de matéria e posto, segundo a narração bíblica, no quadro de um mundo já estabelecido segundo as Suas leis e já medido pelo tempo (deinde).

2. A fé da Igreja reconhece a existência e ao mesmo tempo os traços distintivos da natureza dos anjos. O seu ser puramente espiritual implica antes de tudo a sua não-materialidade e a sua imortalidade. Os anjos não têm "corpo" (embora em determinadas circunstâncias se manifestem sob formas visíveis em virtude da sua missão a favor dos homens, e por conseguinte estão sujeitos à lei da corruptibilidade que é comum a todo o mundo material). O próprio Jesus, ao referir-se à condição angélica, dirá que na vida futura os ressuscitados "já não podem morrer; são semelhantes aos anjos" (Lc 20,36).

3. Enquanto criaturas de natureza espiritual, os anjos são dotados de intelecto e de vontade livre, como o homem, mas em grau superior ao dele, embora sempre finito, pelo limite que é inerente a todas as criaturas. Os anjos são pois seres pessoais e, como tais, também eles à "imagem e semelhança" de Deus. A Sagrada Escritura refere-se aos anjos usando também apelativos não só pessoais (como os nomes próprios de Rafael, Gabriel, Miguel), mas também "coletivos" (como as classificações de: Serafins, Querubins, Tronos, Potestades, Dominações, Principados), assim como faz uma distinção entre Anjos e Arcanjos. Embora tendo em conta a linguagem analógica e representativa do texto sagrado, podemos deduzir que estes seres-pessoas, quase agrupados em sociedade, se subdividem em ordens e graus, correspondentes à medida da sua perfeição e às tarefas que lhes estão confiadas. Os autores antigos e a própria liturgia falam também dos coros angélicos (nove, segundo Dionísio, o Areopagita). A teologia, especialmente a patrística e medieval, não rejeitou estas representações, procurando, pelo contrário, dar uma explicação doutrinal e mística das mesmas, mas sem lhes atribuir um valor absoluto. São Tomás preferiu aprofundar as pesquisas sobre a condição ontológica, sobre a atividade cognoscitiva e volitiva e sobre a elevação espiritual destas criaturas puramente espirituais, pela sua dignidade na escala dos seres, porque nelas poderia aprofundar melhor as capacidades e as atividades próprias ao espírito no estado puro, haurindo não pouca luz para iluminar os problemas de fundo que desde sempre agitam e estimulam o pensamento humano: o conhecimento, o amor, a liberdade, a docilidade de Deus, a obtenção do Seu reino.

4. O tema a que nos referimos poderá parecer "distante" ou "menos vital" à mentalidade do homem moderno. Todavia a Igreja, propondo com franqueza a totalidade da verdade acerca de Deus Criador também dos anjos, crê que presta um grande serviço ao homem. O homem nutre a convicção de que em Cristo, Homem-Deus, é ele (e não os anjos) a encontrar-se no centro da Divina Revelação. Pois bem, o encontro religioso com o mundo dos seres puramente espirituais torna-se revelação preciosa do seu ser não só corpo mas também espírito, e da sua pertença a um projeto de salvação verdadeiramente grande e eficaz, dentro de uma comunidade de seres pessoais que para o homem e com o homem servem o desígnio providencial de Deus.

5. Notemos que a Sagrada Escritura e a Tradição chamam propriamente anjos àqueles espíritos puros que na prova fundamental de liberdade escolheram Deus, a Sua glória e o Seu reino. Eles estão unidos a Deus mediante o amor consumado que nasce da beatificante visão, face a face, da Santíssima Trindade. Di-lo Jesus mesmo: "Os anjos nos céus vêem constantemente a face de Meu Pai que está nos céus" (Mt 18,10). Aquele "ver constantemente a face do Pai" é a manifestação mais excelsa da adoração de Deus. Pode-se dizer que ela constitui aquela "liturgia celeste", realizada em nome de todo o universo, à qual se associa incessantemente a liturgia terrena da Igreja, de modo especial nos seus momentos culminantes. Basta recordar aqui o ato com o qual a Igreja, todos os dias e a todas as horas, no mundo inteiro, antes de dar início à Oração Eucarística no ponto central da Santa Missa, se refere aos "Anjos e aos Arcanjos" para cantar a glória de Deus três vezes Santo, unindo-se assim àqueles primeiros adoradores de Deus, no culto e no amoroso conhecimento do inefável mistério da Sua santidade.

6. Ainda segundo a Revelação, os anjos, que participam da vida da Trindade na luz da glória, são também chamados a ter a sua parte na história da salvação dos homens, nos momentos estabelecidos pelo desígnio da Divina Providência. "Não são eles todos espíritos ao serviço de Deus, enviados a fim de exercerem um ministério a favor daqueles que hão de herdar a salvação?", pergunta o autor da Carta aos Hebreus (1,14). E nisto crê e isto ensina a Igreja, com base na Sagrada Escritura da qual sabemos que é tarefa dos anjos bons a proteção dos homens e a solicitude pela sua salvação.
Encontramos certas expressões em diversas passagens da Sagrada Escritura como por exemplo no Salmo 90/91, já citado mais de uma vez:
"Mandou aos Seus anjos/
Que te guardem em todos os teus caminhos./
Eles te levarão nas suas mãos,/
Para que não tropeces em alguma pedra" (SI 90/91,11-12).
O próprio Jesus, falando das crianças e recomendando que não se lhes desse escândalo, faz referência aos "seus anjos" (Mt 18,10). Ele atribui também aos anjos a função de testemunhas no supremo juízo divino sobre a sorte de quem reconheceu ou negou Cristo: "Todo aquele que se declarar por Mim diante dos homens, também o Filho do Homem se declarará por ele diante dos anjos de Deus. Aquele, porém, que Me tiver negado diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus" (Lc 12,8-9; cf. Ap 3,5). Estas palavras são significativas porque, se os anjos tomam parte no juízo de Deus, estão interessados pela vida do homem. Interesse e participação que parecem receber uma acentuação no discurso escatológico, em que Jesus faz intervir os anjos na Parusia, ou seja, na vinda definitiva de Cristo no fim da história (cf. Mt 24,31; 25,31-41).

7. Entre os livros do Novo Testamento, são especialmente os Atos dos Apóstolos que nos dão a conhecer alguns fatos que atestam a solicitude dos anjos pelo homem e pela sua salvação. Assim é quando o Anjo de Deus que liberta os Apóstolos da prisão (cf. At 5,18-20) e antes de tudo Pedro, que estava ameaçado de morte por parte de Herodes (cf. At 12, 15-10). Ou quando guia a atividade de Pedro a respeito do centurião Cornélio, o primeiro pagão convertido (At 10,3-8. 12-13), e de modo análogo a atividade do diácono Filipe no caminho de Jerusalém para Gaza (At 8,26-29).
Destes poucos fatos citados a título de exemplo, compreende-se como na consciência da Igreja se tenha podido formar a persuasão acerca do ministério confiado aos Anjos a favor dos homens. Portanto, a Igreja, confessa a sua fé nos anjos da guarda, venerando-os na liturgia com uma festa própria e recomendando o recurso à sua proteção com uma oração freqüente, como na invocação do "Anjo de Deus". Esta oração parece fazer tesouro das lindas palavras de São Basílio: "Cada fiel tem ao seu lado um anjo como tutor e pastor, para o levar à vida" (cf. S. Basilius, Adv. Eunonium, III, 1; veja-se também Sto. Tomás, Summa Theol. I, q. II, a.3).

8. É por fim oportuno notar que a Igreja honra com culto litúrgico três figuras de anjos, que na Sagrada Escritura são chamados por nome. O primeiro é Miguel Arcanjo (cf. Dn 10,13-20; Ap 12,7; Jd 9). O seu nome exprime sinteticamente a atitude essencial dos espíritos bons. "Mica-El" significa, de fato: "Quem como Deus?". Neste nome encontra-se, pois, expressa a escolha salvífica graças à qual os anjos "vêem a face do Pai" que está nos céus. O segundo é Gabriel: figura ligada sobretudo ao mistério da encarnação do Filho de Deus (cf. Lc 1,19-26). O seu nome significa: "O meu poder é Deus" ou "poder de Deus", quase como que a dizer que, no auge da criação, a encarnação é o sinal supremo do Pai onipotente. Finalmente o terceiro arcanjo chama-se Rafael. "Rafa-El" significa: "Deus cura". Ele nos é dado a conhecer pela história de Tobias no Antigo Testamento (cf. Tb 12,15-20), etc., tão significativa quanto ao fato de serem confiados aos anjos os pequeninos filhos de Deus, sempre necessitados de guarda, de cuidados e de proteção.
Se pensarmos bem, vê-se que cada uma destas três figuras: Mica-El, Gabri-El e Rafa-El reflete de modo particular a verdade contida na pergunta formulada pelo autor da Carta aos Hebreus: "Não são eles todos espíritos ao serviço de Deus enviados a fim de exercerem um ministério a favor daqueles que hão de herdar a salvação?"(Hb 1,14).

© Libreria Editrice Vaticana

Sem comentários:

Enviar um comentário